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Sobre a Enfermagem

Entre a vergonha e o medo

Sobre a Enfermagem

Escreve quem sabe

2024-12-17 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Muito se tem conversado no nosso país sobre a saúde nos últimos meses – o que é normal, na minha opinião, visto que quando muda um Governo, mudam as perspetivas, o que dá sempre que falar. Ainda assim, a saúde deve sempre ser alvo de destaque, por um lado porque ainda é necessário um grande investimento nesse sector, e, por outro lado, porque dela depende (em boa parte) o bem-estar dos nossos cidadãos. Todavia, quando se olha para a saúde, do ponto de vista organizacional, é necessário ter em conta os profissionais de saúde que nela trabalham, e que assumem como missão o cuidado aos outros.
Desses profissionais de saúde, os enfermeiros são agentes essenciais para o bom funcionamento das unidades de cuidados que o país apresenta. Mais do que simples peças de um jogo de xadrez (que deveria ser mais afinado e estratégico), os enfermeiros apresentam responsabilidades fundamentais para a preservação da saúde dos indivíduos. Aliás, são eles os primeiros contactos que um utente costuma estabelecer a nível clínico, e de certeza que todos nós desejamos, acima de tudo quando nos encontramos doentes, ter à nossa frente alguém competente.
A educação em enfermagem é fundamental para preparar profissionais capazes de oferecer cuidados de saúde de qualidade e humanizados. Esta educação apresenta diferentes níveis de formação, cada um com objetivos e competências específicas. Veja-se, na licenciatura pede-se aos futuros enfermeiros que aprendam as bases científicas e técnicas de uma disciplina e de uma profissão, que é a da enfermagem, podendo posteriormente, quando já se encontram a trabalhar como enfermeiros, seguir para outro tipo de graduação académica, como o mestrado (atualmente obrigatório para se ser enfermeiro especialista) ou o doutoramento. Aos enfermeiros agradam bastante as pós-graduações, simples e habitualmente com duração menor de um ano, e, de facto, estas são também importantes para a sua educação contínua, já que oferecem, habitualmente, o desenvolvimento de conhecimento numa determinada temática, usualmente prática, que lhes permite prestar cuidados mais robustos.
A saúde é uma área em constante evolução, o que torna a atualização profissional uma necessidade. Novas tecnologias, novos procedimentos clínicos e novas descobertas científicas exigem que os enfermeiros participem regularmente de cursos de capacitação e em eventos científicos. Estes encontros científicos são fundamentais para que os enfermeiros aprendam novas formas de cuidar e se inovem, permitindo-se crescer enquanto profissionais de saúde. Mais, aos enfermeiros também é devido publicar em revistas científicas, e esta é uma forma excecional de partilhar e desenvolver o seu conhecimento científico.
No entanto, a educação e formação dos enfermeiros apresentam alguns desafios, como é o caso da ausência de investimento nas mesmas, a desigualdade no acesso e alguns défices na formação ética e moral dos enfermeiros. A primeira prende-se, sobretudo, com condições financeiras (é raro surgir uma organização que pague a formação dos seus enfermeiros) e com o tempo despendido para a aprendizagem contínua dos colegas; a segunda relaciona-se com os locais onde a educação e formação são disponibilizadas, muitas vezes centralizadas em sítios aos quais os enfermeiros não têm acesso, devido a encontrarem-se em regiões mais remotas; a terceira diz respeito à importância que os programas de educação e formação dão às questões éticas e morais, que deviam estar mais presentes na aprendizagem dos enfermeiros.
A enfermagem é uma disciplina e uma profissão em constante transformação, alavancada por avanços científicos, influenciada por mudanças sociais e desafiada por demandas crescentes nos sistemas de saúde. Ainda assim, existem algumas tendências para o futuro que destacam o papel estratégico dos enfermeiros na saúde, como é o caso da manutenção da autonomia profissional, a sua participação na liderança do desenvolvimento de políticas de saúde, os desafios impostos pelas novas tecnologias (como é o caso da inteligência artificial), a sustentabilidade em saúde e a própria valorização e o reconhecimento profissional.
Mais do que quererem estar presentes na sociedade, que já estão, os enfermeiros pretendem ser ouvidos e ser respeitados, ou seja, que o seu conhecimento seja valorizado tanto por quem governa como por quem é cuidado.
Desengane-se quem pensa o contrário, porque não existe saúde sem enfermagem.
Gostaria igualmente de ver os enfermeiros a imporem mais a sua vontade, visto que é dela que depende, em grande parte, a saúde de cada um de nós. Como conselho, sugiro que agradeçam aos vossos enfermeiros, particularmente aqueles que conhecem há mais tempo – afinal, temos de começar por algum lado.

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