As emoções no outono
Ideias
2021-12-11 às 06h00
Durante muitos anos, o tema da sustentabilidade era considerado muito hippie e uma corrente defendida por um movimento de pessoas com uma visão do mundo e da sociedade diferentes. Os seus defensores, há muito conscientes de que sustentar um modelo económico assente na premissa de que os recursos do planeta são infinitos, eram olhados como seres divergentes, ao invés de seres racionais, sensíveis e inteligentes.
Hoje, é inegável que o tema é atual e presente em todas as agendas, quer seja política, empresarial, ambiental, social ou económica, numa escala global e transversal à humanidade. O que na verdade se compreende dada a dimensão da emergência climática que nos assola. A sustentabilidade é já sinónimo de sobrevivência humana, e torna-se num imperativo moral - e que a todos deve convocar -, o combate coletivo às desigualdades, à redução das emissões de carbono e às alterações climáticas, procurando a salvaguarda dos equilíbrios chave da biosfera.
Reconhecendo a seriedade da situação, são já vários os agentes económicos pelo mundo que têm procurado estabelecer compromissos e planos de ação, procurando integrar a sustentabilidade na sua estratégica, definindo um caminho, que muitos autores designam de “net zero”, ou outros autores, como Paul Polman, de “net positive”, numa abordagem mais disruptiva e com a qual me identifico, completamente.
Mas esta viragem de pensamento e ação desafia o dogma que gestores, tal como eu, seguiam como doutrina económica, sobre o propósito dos negócios. Ou melhor, de que o modelo único de gestão é aquele que preconiza a geração de riqueza e maximização do valor do acionista. Na gestão de qualquer empresa, ainda mais uma empresa pública, compreende-se como é um modelo obsoleto e sobre o qual importa refletir, porque o mundo hoje é diferente e as pessoas, em especial as novas gerações, optam por produtos e serviços de empresas que tenham um impacto positivo no mundo e, portanto, nas pessoas, na biodiversidade e na salvaguarda das gerações futuras.
As empresas devem crescer e prosperar no longo prazo, mas seguindo um caminho de criação de valor, em toda a sua cadeia, no sentido de servir melhor o planeta, dando mais do que recebem. Os bons resultados de uma empresa devem advir não por criar problemas ao mundo - pelas externalidades negativas geradas pelos seus produtos ou serviços -, mas antes por os resolver.
Mas isto configura um caminho que temos necessariamente de trilhar, as entidades do setor público e privado, em conjunto, e no caminho procurar equilibrar várias necessidades. Um caminho que só pode ser trilhado em conjunto e caminhando na direção certa tendo como meta sermos melhores amanha do que fomos ontem.
Há já muitas entidades privadas e públicas que têm dado passos muito concretos e relevantes neste sentido, mas que impõe uma mudança organizacional disruptiva, pois requer adotar uma missão mais abrangente e ambiciosa, transformando-se numa empresa com propósito, orientada não só para o lucro como também para o bem-estar das pessoas e o planeta. Requer que a empresa olhe para todos as partes interessadas, para toda a sua cadeia de valor, e faça disseminar esta abordagem por todos através de políticas de investimento verde, compras públicas sustentáveis, design de produto amigo do ambiente e inclusivo, entre tantas outras práticas embebidas de valores sociais, ambientais e de boa governança.
Por Braga: a metamorfose dos Transportes Urbanos de Braga (TUB)
É com este enquadramento em perspetiva que os TUB estão, também, de forma firme e comprometida com uma estratégia orientada por um modelo de atuação com propósito, integrando fatores ambientais, sociais e de governança no nosso modelo. Hoje, nos TUB não só damos importância ao equilíbrio dos resultados com uma gestão eficiente dos recursos como também atribuímos a mesma importância às dimensões ambientais, sociais e de boa governança, como a ética e a transparência de gestão. Temos como propósito gerar um impacto positivo, crescendo e criando valor, no longo prazo, servindo todas as partes interessadas e procurando dar mais e melhor à nossa região e comunidade do que dela retiramos.
De entre as principais medidas que estamos a corporizar nesta transformação dos TUB, destacamos a opção por refletir não só na missão da empresa a dimensão da sustentabilidade como também a integrando no Departamento de Sistemas de Gestão e Sustentabilidade.
Nesta nossa jornada para a sustentabilidade, aderimos ao conselho empresarial, Business Council for Sustainable Development Portugal (BCSD Portugal), uma rede global de empresas, que será um importante parceiro na construção deste caminho e que nos permitirá desenvolver um trabalho importante em temáticas como a Neutralidade Carbónica e Cidades Sustentáveis. Neste percurso subscrevemos, também, a Carta de Princípios do BCSD Portugal que estabelece princípios e linhas orientadoras para uma boa gestão empresarial sustentável.
Com esta estratégia no horizonte queremos os Transportes Urbanos de Braga não apenas como uma empresa de transporte público de passageiros, mas pelo contrário, uma empresa mais abrangente que agrega várias áreas de atuação no domínio da mobilidade, o que não se compatibiliza como sendo apenas mais um serviço municipalizado.
Queremos ainda mais e melhor para esta empresa e para todos os seus extraordinários trabalhadores e trabalhadoras que são detentores de um capital de gestão, conhecimento, competências e experiência acumulada que lhe permite prestar um serviço publico com um elevado nível de maturidade.
Paulatinamente temos abraçado novas áreas de atuação e dando provas de competência nas mesmas, desde a gestão do estacionamento à superfície, serviços de auditoria e fiscalização das obrigações de serviço publico de autoridades de transportes, gestão de alugueres ocasionais e regulares especializados, consultoria e gestão de projetos, para apenas nomear algumas. Por tudo isto os TUB são, um veículo determinante e regrante nas soluções de mobilidade para Braga.
Atualmente estamos a desenvolver, de forma participada com a nossa equipa, o Plano Estratégico e de Sustentabilidade 2030 que será um instrumento fundamental para desenhar a nossa estratégia para a próxima década, integrando nela a sustentabilidade e os valores sociais, ambientais e de boa governança já referidos anteriormente.
Vamos definir a empresa que queremos ser na próxima década e como lá vamos chegar. Quando finalizado, será apresentado a toda a comunidade e não temos dúvidas que vai ser um plano de ação determinante para a afirmação da empresa enquanto principal player do município na implementação das políticas de mobilidade.
07 Outubro 2024
07 Outubro 2024
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