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Tancos: falta saber quase tudo

O fim da alternância

Tancos: falta saber quase tudo

Ideias Políticas

2018-10-23 às 06h00

Hugo Soares Hugo Soares

Ao contrário do que António Costa quer fazer passar para os portugueses, o assunto de Tancos está tudo menos encerrado. A demissão do ministro da Defesa Azeredo Lopes, absurdamente tardia e irresponsavelmente protelada pelo primeiro-ministro, bem como a inevitável demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte apenas vêm repor a normalidade no funcionamento das instituições, mas não dão as respostas que todo o País exige e que teimam em não aparecer.

Do ponto de vista estritamente político, o roubo das armas de Tancos e as inenarráveis sequelas desse grave facto, cujo ponto alto, até agora, foi o episódio burlesco da encenada recuperação do material de guerra, tinham tudo para que um governo minimamente decente e responsável há muito tivesse assumido a relevância política do tema. A forma como, desde o início e até ao momento, António Costa tem lidado com o assunto é revelador de como ele encara o exercício das suas funções e do que realmente o motiva. É que não foi simplesmente incompetente e desastroso, como se tem dito. Foi sobretudo vergonhoso e indigno.

Vergonhoso porque, tendo começado por desvalorizar o facto e tentado eximir-se, por todos os meios, às suasresponsabilidades políticas, António Costa mostrou a falta de cuidado e de respeito que tem relativamente às matérias de Soberania, como o é a segurança dos cidadãos e do Estado. Em primeiro lugar porque a política de desinvestimento e de cativações conduz fatalmente a falhas graves. Em segundo, por que um roubo de armas de guerra de uma estrutura militar não é um acontecimento normal e corriqueiro (apesar de já em janeiro de 2017terem sido roubadas mais de cinquenta pistolas Glock de sede da PSP) e merecia o máximo de atenção e de responsabilidade por parte das autoridades políticas e militares ao mais alto nível. Infelizmente, está hoje à vista que não foi isso que aconteceu.

Além disso, tem sido indigno o modo como o governo e o primeiro-ministro têm exposto a instituição militar a toda esta situação ultrajante. As nossas Forças Armadas são credoras de um respeito generalizado por parte dos portugueses e deviam ser poupadas aos danos a que têm estado sujeitas nos últimos tempos única e exclusivamente por culpa da incapacidade e da irresponsabilidade daqueles que nos governam. A acusação do primeiro-ministro de que a oposição está a partidarizar o debate sobre Tancos e a fragilizar a instituição militar é apenas ridícula e revoltante. Porque reforça ainda mais a ideia de que António Costa não leva este caso sequer a sério.
Por isso, as demissões do ministro Azeredo Lopes e do General Rovisco Duarte não chegam. Porque ainda faltam praticamente todas as respostas às perguntas que andamos a fazer há mais de um ano: quem roubou as armas, como foi possível, o que falhou, de quem são as verdadeiras responsabilidades? E agora com as dúvidas acrescidas em torno da mirabolante farsa da recuperação das armas: quem esteve envolvido, quem sabia o quê, quem teve conhecimento? O ministro demitiu-se mas os portugueses não se demitem de saber o que realmente aconteceu.

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