A pandemia está a alterar negativamente a nossa mente – como combater?
Ensino
2016-10-14 às 06h00
Por volta de meados de maio passado, o ministro dos assuntos económicos holandês juntamente com a União Europeia (presidida no primeiro semestre deste ano pelos Países Baixos) e o QuTech (instituto tecnocientífico sedeado em Delft) organizou em Amesterdão a conferência ‘Quantum Europe 2016: A New Era of Technology’, que para além de ter servido para anunciar o lançamento de um programa de investigação, desenvolvimento e inovação no campo das denominadas Tecnologias Quânticas a ter início em 2018, com o horizonte de uma década e financiado com um bilião de euros, também tornou público um manifesto onde as principais ambições e metas desse programa são formuladas.
Parece pois que após a excitação com as Biotecnologias (1970-80), o entusiasmo com a Inteligência Artificial (1980-90) e o encantamento com as Nanotecnologias (1990-2000), o novo fascínio será com as ditas Tecnologias Quânticas. E uma narrativa com força retórica e tom hiperbólico está já a ser tecida para o intensificar. O físico teórico australiano Gerard Milburn - autor do instrutivo Schrodinger's Machines: The Quantum Technology Reshaping Everyday Life (1997) - por exemplo, aponta-as como filhas de uma “segunda revolução quântica” em marcha.
Segundo ele, diferentemente da primeira - ocorrida na viragem do século XIX para o XX, que permitiu explorar a ideia de que as entidades físicas subatómicas (e.g., eletrões, fotões) possuem uma natureza dual, podendo umas vezes comportar-se como ondas e outras como corpúsculos, conhecimento fundamental que se encontra na base da eletrónica moderna, da indústria dos microchips para os computadores e, em última instância, da Era da Informação - aquela que agora está a ganhar balanço aspira conseguir “controlar os componentes de sistemas complexos governados pelas leis da física quântica” ou, mais especificamente, divisar aplicações e usos práticos para outros fenómenos (contraintuitivos) conhecidos da teoria quântica, nomeadamente os da superposição (espacial de partículas), do emaranhamento (de partículas muito afastadas entre si no espaço), tunelamento (ou violação de barreiras energéticas locais) e decoerência (que equipare um sistema físico quântico a um de tipo clássico).
Na brochura eletrónica produzida para divulgar a nova iniciativa emblemática da União Europeia pode encontrar-se na sua página 8 um quadro com o naipe básico dessas tecnologias emergentes - computação quântica, software e algoritmos quânticos, simulação quântica, sensores e metrologia quântica e comunicação quântica - assim como as promessas associadas - refiro somente esta com grande potencial, embora dependente da evolução dos computadores quânticos e respetivos sistemas operativos: a simulação quântica, que servirá para experimentar propriedades de materiais antes mesmo de existirem e auxiliar no design de novos outros - e os desafios que enfrentam.
Curiosamente, ou talvez não, nada aí se diz sobre possíveis riscos e incertezas implicados em tais tecnologias. Poderá presumir-se, claro, que pela sua relativa incipiência e imaturidade fará pouco sentido pensar já neles. Todavia, como num futuro próximo (entre 5 a 10 anos) trarão previsivelmente transformações espantosas em domínios sensíveis como os da criptografia na transmissão segura de dados, da imagiologia ultra-precisa da atividade cerebral ou da metrologia científica, industrial e legal de rigor infinitesimal, o pensamento antecipatório e a atitude precautória a seu respeito afiguram-se-me imperativos.
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