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Tolerância

Portugueses bacteriologicamente impuros

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Tolerância

Escreve quem sabe

2020-11-17 às 06h00

Analisa Candeias Analisa Candeias

Ao longo dos anos tem-se dito que o povo português é de brandos costumes. Concordando, ou não, com essa afirmação, a verdade é que fomos dos poucos a cometer regicídio, a enviar por essas varandas fora alguns governantes malcomportados ou a atravessar cabos de tormentas. Na verdade, talvez o adjetivo brando só se adeque com (alguma) parcimónia ao nosso temperamento. Somos uns valentes, essa é a verdade. E pacientes, não andássemos ainda, volta e meia, a trazer à memória um monarca que se perdeu na neblina – devia ter levado uma bússola, com certeza que já cá estava.
Esta caraterística relativa à paciência permite-nos ir aguentando alguns sacrifícios com um tanto de boa disposição. Afinal, talvez não nos adiantará estar a reclamar de algo que tem/deve ser feito, obrigatoriamente. Mais vale levar as nossas andanças com algum humor e relativa boa disposição. O receio deixa-nos alerta, isso é um facto. Mas aliando a paciência a uma certa energia conseguem-se feitos surpreendentes. No fundo, olhando para a nossa história, os cabos das tormentas afinal transformaram-se em esperanças, marcando o mundo com a perseverança lusitana.
Existe aqui algo importante a reter: não devemos confundir paciência e/ou brandura com burrice ou subserviência, como é óbvio. De facto, a paciência e a brandura são até sinais de inteligência, assim como são igualmente indicadores de uma estratégia emocional já consolidada e maturada. Vejamos: de pressas e correrias precipitadas raramente se tiram coisas adequadas. No meu meio familiar tem corrido a expressão «devagar que tenho pressa», que se aplica bem a este contexto aqui explorado. Devagar com os outros. Devagar connosco, que também precisamos de quietações.
Associada à paciência, assim como à brandura e à tranquilidade, está conectada a tolerância, sendo o 16 de novembro aquele dia que a Organização das Nações Unidas considerou como ideal para a assinalar. A tolerância implica, de igual forma, algo muito importante: o respeito. Respeito pelo que nos rodeia, por quem está à nossa volta, por quem nos alberga ou até por nós. Respeito pelos tempos que vivemos, pela saúde dos que nos são queridos, pela saúde pública. Pelo bem da nossa comunidade, que apenas se mantém saudável quando é feito um esforço conjunto na relação em que 1+1=3.
Porque realmente é das relações que estabelecemos com os outros, e de forma comunitária, que a nossa vida também se torna mais salutar. É uma questão de higiene, visto que que o isolamento condiciona e é propício a situações patológicas. E é identicamente na relação com os outros que podemos treinar a paciência, a brandura, a quietação, a tolerância e o respeito, errando e aprendendo, muitas vezes dando mais e (talvez) recebendo menos – o que não faz mal, ajuda a que o sentimento de pertença cresça, promovendo a nossa saúde.
E ainda porque a tolerância, por estes dias, está a ser testada. Se para cada um de nós é difícil esta situação de restrição, contenção e refreamento, também é provável que para aquele que se encontra ao nosso lado a situação esteja a ser ainda pior. Toleremos. Nem que seja porque também gostaríamos que fossem tolerantes connosco.

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