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Ideias

2025-01-19 às 06h00

José Manuel Cruz José Manuel Cruz

A foto de Trump é fantástica, a de Vance está dentro do normal, e assim imagino que talvez não venha a encontrar outro aspecto, por cujo efeito bendiga do imponente líder do mundo livre.
A foto tem densidade, tem magnetismo, tem estofo para figurar em galeria de melhores retratos, e isto refiro evitando cair em simplismos de conotação, dando-a como instantâneo fiel de rufia em toda a sua extensão.
Partindo de tal fotografia saberemos sempre quem tem o pé por cima e carrega sem abrandar, saberemos sempre quem tem os dedos no pescoço de quem, sendo que nosso – europeu – é o pezinho mimoso, s?o os gorgomilos comprimidos, através dos quais a custo passa o ar.
Com estas e com outras invejo os groenlandeses, esse punhado de almas que num abrir e fechar de olhos se pode colocar na posição de independência, para logo mais a alienar, por estrelinha ficcionada em bandeira que não comporta o 51.

Tristes sinas, as nossas. Nossas, no todo, nunca nossas, por aplicação exclusiva à arraia miúda, e pronto recordo o despacho que levou Thierry Breton, que de Agosto para Setembro se viu sacudido da Co- missão Europeia, e tudo por haver ousado passar um raspanete a Elon Musk, a propósito do clima de desinformação da rede social de sua propriedade.
E não há cereja mais carnuda em topo de bolo do que aquela que a senhora Von Der Leyen no caso protagonizou, logo ela que em Janeiro de 24, aquando o Fórum Económico Mundial, tanto se deleitara com o papel de cavaleira andante, no combate sem quartel a praga tamanha, que nos atravessa e deixa à mercê de populismos doentios.
Breton, que pouco antes se vira confirmado pelo Presidente francês para segundo mandato. Mas não, a grande Úrsula haveria de dizer que deixara de convir, e Macron lá engoliu o sapo, porque t?o mal está a França que não consegue defender os seus.

Musk saiu por cima, a Europa saiu por baixo. Musk entrou em roda livre, e agora n?o sabemos nós o que pensar, isto porque tão cómodo era pendurar malefícios no Kremlin e nos trolls russos, por joguinho perdurante de adolescentes em corredor de liceu. Que fará, realmente, a grande Úrsula, se a AfD ganhar: anulará as eleições na Alemanha, sobre o terreno lavrado da Roménia?
Regredimos, de cavalos passamos a burros, o obsceno já não nos sidera, e assim assistimos a berrarias inqualificáveis, como as de um Ventura de maus fígados – isto para falar de nós –, como a de arraial folião em plena Place de la République, pela morte de Jean-Marie Le Pen.

Regredimos, perdemos a selectividade. Daríamos por nós sem sabermos pelo que lutar, se um mínimo de discernimento nos restasse. Daríamos por nós de sarrafo na m?o, se dispostos estivéssemos a dar uma corrida a quem protagoniza asneira que vemos ou ouvimos, porque quem as faz sem pensar, manifestamente não pensa, nem pensará, num sentido lato e abrangente, porque quem fala e age à toa só se encontra na linha do benefício próprio.
Liberdade, foi a palavra-chave do ano findo. Liberdade, pelo meio século de Abril. Quem nos dera na segunda metade da década de setenta! Quem nos dera perceber por que raio não soubemos tomar conta da situação, de modo a que não andássemos com taxas de pobreza iminente ou real de 20%.

Não deveríamos nós ter escolhido como palavra-chave «decepç?o»? Para que problemas encontramos resposta, se passamos o tempo a olhar para o lado? Revogando uniões malquitas freguesias, por que atavismo estendemos microfones a Miguel Relvas? Alguma vez o desperdício de recursos esteve realmente na unidade basilar da administração pública?
Sobra o desabafo: encostem-nos à parede. Não «nos» a nós, mas «los», a eles.

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