Depois de muitos anos sem qualquer propósito efetivo e de uma inação verdadeiramente confrangedora, o Banco Português de Fomento (BPF) parece finalmente ter encontrado uma missão clara e ambiciosa – ser um propulsor do investimento e o banco parceiro da execução dos fundos europeus.
A emissão de 125 mil garantias pré-aprovadas, no valor de 24 mil milhões de euros (cerca de 10% do PIB português), que foram enviadas este mês diretamente às empresas num convite para investirem no país e disponibilizadas à banca comercial numa plataforma comum para que pudessem identificar as empresas, reflete uma abordagem inovadora e proativa da nova administração do BPF, que assumiu funções no início deste ano.

Mais do que uma mera facilitação de crédito, esta iniciativa coloca nas mãos dos empresários um instrumento concreto para acelerar investimentos, reduzindo os tempos de espera e simplificando processos. O facto de em menos de 24 horas terem sido descarregadas 400 mil garantias demonstra o elevado interesse e a necessidade deste tipo de apoio, tanto por parte do setor empresarial como da banca comercial.
Segundo o Presidente do BPF, Gonçalo Regalado, nos primeiros quatro dias foram sinalizadas intenções de investimento que ascendem a 800 milhões de euros, com um valor médio de financiamento de 180 mil euros. As garantias cobriram todos os setores da economia sendo que 80% daquele montante foi absorvido por empresas de micro ou pequena dimensão, que representam a espinha dorsal da economia portuguesa.
Esta iniciativa enquadra-se no âmbito da implementação do programa InvestEU – programa europeu que pretende apoiar o acesso e a disponibilidade de financiamento para as empresas europeias, fomentando a sua competitividade à escala mundial e preparando-as para o futuro.

Recorde-se que, em junho de 2024, a Comissão Europeia e o BPF assinaram um acordo de garantia InvestEU, que desbloqueou um montante total de financiamento do BPF superior a 3,6 milhões de euros para promoção do investimento nacional.
Com a emissão das 125 mil garantias pré-aprovadas, o BPF espera colocar a totalidade dos 3,6 mil milhões de euros no mercado até ao final do presente ano, estando já a negociar um lote adicional de 6,5 mil milhões de euros com o Fundo Europeu de Investimento e o BEI – Banco Europeu de Investimento, o que mostra que estamos perante uma nova visão e uma nova ambição para o financiamento empresarial em Portugal.
Em paralelo, o BPF vai colocar nas próximas semanas mais 3 mil milhões de euros de garantias adicionais para apoio aos projetos financiados pelo PT2030 e do PRR. Segundo Gonçalo Regalado, todas as empresas elegíveis ao abrigo destes programas serão avaliadas em risco pelo BPF para que possam também receber garantias pré-aprovadas e, deste modo, possam, muito rapidamente, levantar o seu financiamento, em melhores condições, e acelerar a execução dos seus projetos. O objetivo do BPF é que as empresas tenham acesso ao financiamento assim que os seus projetos forem aprovados, o que representa uma revolução na relação entre o tecido empresarial, o sistema financeiro e os programas de financiamento de fundos europeus.

Esta mudança de paradigma na atuação do BPF de não ficar à espera da banca comercial, mas sim de antecipar as necessidades das PME, torna-o um verdadeiro catalisador do investimento e um parceiro essencial das empresas. De facto, a prestação de garantia pública, por norma de 50% do valor dos financiamentos, torna as operações bastante mais vantajosas para as empresas, quer em termos de preço, quer em termos de facilidade de acesso ao financiamento por deixar de ser necessária a apresentação de garantias reais. Como bem frisou o Presidente do BPF, “as garantias são das empresas, não dos bancos”, sublinhando a lógica de que o apoio ao investimento deve beneficiar diretamente quem cria riqueza e emprego.

É tempo de as empresas portuguesas aproveitarem esta nova dinâmica e apostarem no crescimento e na inovação. O Banco de Fomento, finalmente, encontrou um caminho para cumprir o seu verdadeiro propósito e está determinado em fomentar o investimento empresarial em Portugal.
Cabe agora aos empresários e às entidades públicas e privadas trabalharem em conjunto para transformar este impulso financeiro em desenvolvimento económico sustentável e duradouro.