Ser Dirigente no CNE - Desafios
Ideias
2025-03-26 às 06h00
Vou dedicar este espaço de reflexão, ao meu/nosso amigo, Miguel Macedo. Uma tarefa difícil! Apesar de o conhecer muito bem, vou contribuir, em forma de homenagem pessoal, com uma modesta sistematização das informações sobre a sua atividade e pensamento político. Um testemunho inspirado nas nossas conversas, nos artigos de opinião e testemunhos de colegas e amigos, onde foi retratado como “um príncipe da política”.
O seu legado político, ficou marcado pelo sucesso, pelo pragmatismo, pela entrega ao serviço público, pelas convicções firmes e por uma reconhecida competência. Construiu um percurso exemplar na política nacional, onde desempenhou funções de elevada responsabilidade ao longo de várias décadas. Miguel Macedo era um homem simples e discreto. Amigo dedicado e leal, atento aos problemas das pessoas, independente da intensidade da sua relação de proximidade, da cor política e condição social.
A capacidade de "resolver problemas imediatos, ao mesmo tempo em que considerava o futuro a longo prazo", era uma marca que cultivava. Um pragmatismo que permitia aplicar os seus princípios ideológicos de forma flexível e adaptada às circunstâncias concretas, procurando sempre as soluções mais eficazes, para os desafios que enfrentamos nos tempos da Troika. Uma convicção reformista, que lhe permitiu propor e implementar políticas públicas eficazes, de forma concreta e sustentável. Numa combinação de princípios, de abordagem prática adaptada às necessidades específicas das pessoas, definia a sua identidade ideológica e a sua ação política ao serviço de Portugal.
Nesta linha, sustentava a sua visão económica, balanceada pelos princípios da economia social de mercado, dinâmica e competitiva. Preconizava o papel crucial e a valorização da iniciativa privada, reconhecendo a necessidade de uma moderação, da intervenção estatal. Numa abordagem equilibrada, temperada por profundas preocupações sociais para corrigir falhas de mercado, no sentido de garantir a proteção dos cidadãos mais vulneráveis. para promover uma efetiva coesão social, gradualmente, mais consolidada.
Foi no PSD que ancorou a sua identidade ideológica. Afirmou e desenvolveu a sua ação política e governativa, com base nos princípios e valores fundamentais da social democracia, do personalismo, humanismo e igualdade social. Em defesa incondicional, da economia social de mercado, da valorização da iniciativa privada, da moderação na intervenção estatal e da dimensão europeísta de Portugal. Miguel Macedo foi um político, verdadeiramente, comprometido com a República e com a estabilidade governativa. Fazendo prevalecer a serenidade, em vez de ceder à amargura ou à confrontação exacerbada, em situações de grande pressão pessoal ou institucional. A sua reação demonstrou sempre, uma elevação de carácter, que honrou os princípios fundacionais do nosso regime democrático.
O compromisso inabalável com o País e a estabilidade do sistema político, constituíram um alicerce fundamental do pensamento político de Miguel Macedo. Manifestando-se de forma particularmente notável na sua "contenção e dignidade mesmo quando foi injustiçado, e o País o abandonou", são um testemunho poderoso da sua maturidade política e do seu compromisso inabalável com Portugal. Uma atitude, longe de ser meramente pessoal, revelou um profundo respeito pelas instituições democráticas e pelos princípios éticos, marcaram indelevelmente, a sua ação política.
Assumiu de forma exemplar, o respeito pelo funcionamento do Estado de direito, com integridade, com honestidade e com responsabilidade. Numa postura marcada pela dignidade e pela contenção, mesmo em circunstâncias extremamente desafiadoras. Mesmo sentindo, a injustiça de que estava a ser alvo, a forma como enfrentou as acusações, demonstrou uma grande lucidez. preservação da confiança dos cidadãos na política e nos seus líderes, mesmo em contexto de intensa pressão.
Uma atitude de grande maturidade política. Assente capacidade de ponderar as suas ações e de não ceder a reações impulsivas, eram evidentes, e que o tornaram um político moderado e consciente do seu papel na sociedade. Esta maturidade contribuiu, para a estabilidade do sistema político e para a manutenção de um debate público elevado e de grande sentido de Estado, ao longo das suas funções governativas, parlamentares e partidárias.
Ao manter esta conduta de grande dignidade, e o seu compromisso com a integridade do sistema é, talvez, a dimensão mais profunda do seu sentido ético e político. Mesmo quando se sentiu injustiçado, demonstrou uma preocupação genuína com a saúde da democracia e com a preservação dos seus princípios e os seus valores fundamentais. Contribuindo desta forma, para fortalecer a confiança dos cidadãos no sistema político, e para promover uma cultura de respeito pelas regras do seu funcionamento.
A sua "contenção e dignidade" em momentos de adversidade, a sua maturidade política e o seu compromisso com a integridade do sistema, revelam uma preocupação genuína com a sua forma de fazer política. Esta dimensão do seu pensamento é crucial, porque sublinha a importância da sua conduta ética e responsável, para a saúde e a credibilidade da democracia. Um espetro que potenciou o seu evidente pragmatismo político, consubstanciado na sua forte convicção reformista, adaptada às necessidades específicas da nossa sociedade.
A sua dedicação à família e aos amigos era igualmente profunda e genuína. Nutrindo laços de afeto e lealdade que marcaram a vida de todos que o conheceram. Era um homem de pensamento próprio. Dotado de um espírito crítico apurado, um sentido de justiça inabalável que sempre colocou ao serviço do bem comum.
Em seu lugar, para além das flores silvestres, do “Princípio da Incerteza”, o espaço televisivo que marcou a seu regresso ao espaço público, fica o seu legado que se manteve ausente durante longos anos. Consubstanciado no exemplo e a memória de um homem bom, sério e competente, com uma família bonita que sempre defendeu e, colocou sempre à frente de toda a sua intensa atividade cívica e política. Ficamos mais pobres, o País perdeu um grande estadista, a política vê partir um dos seus “príncipes”. A sua família perdeu o seu farol. E todos nós, ficamos mergulhados, num profundo sentimento de ausência pela partida de um amigo maior.
Enfim… muito fica por dizer!
Até sempre Miguel…
“… O compromisso inabalável com o País e a estabilidade do sistema político, constituíram um alicerce fundamental do pensamento político de Miguel Macedo…”
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