A Cruz (qual calvário) das Convertidas
Ideias
2021-04-12 às 06h00
Amanhã uma nova reunião no Infarmed avaliará as condições do país para uma terceira fase do desconfinamento. Os dados atuais implicam ponderação. Porque o RT está a subir em todo o país, certas regiões registam um aumento do número de infetados e o comportamento dos portugueses na última semana não garante confiança para avançar sem temer o pior.
A imprensa, apoiada no Boletim da Direção Geral da Saúde, avançava ontem que o Norte apresenta maior número de infetados do que a região da Grande Lisboa, uma tendência nova face àquilo que vem sendo registado nos últimos meses. No sábado, o Jornal Nascer do Sol noticiava que o RT está acima de 1 em todas as regiões, com exceção do Alentejo onde diminuiu. Em algumas zonas do país, os números começam a suscitar preocupação. O Correio da Manhã avançava mesmo que “758 mil estão em risco de voltar a confinar”, já que existem 29 concelhos com uma incidência de casos superior a 120 por 100 mil habitantes. E isso pode levar a medidas mais restritivas, cumprindo aquilo que o primeiro-ministro havia já acautelado.
Não estamos, pois, ainda num tempo de otimismo. O Jornal de Notícias e o Diário de Notícias, numa sondagem conjunta, anunciavam ontem que “mais de metade dos portugueses não tenciona fazer férias”. Essa decisão é consequência de uma situação financeira que piorou no último ano para muitas famílias e do medo que cada um de nós sente perante um eventual contágio.
Através de uma capa onde se vê um conjunto de pessoas perdidas num árido deserto e sob o título “passaporte para lado nenhum”, a revista britânica “The Spectator” explicava esta semana que vale pouco ser o país onde a vacinação está a ser um sucesso, quando a pandemia apresenta números preocupantes noutras regiões. O Reino Unido já anunciou que atingirá hoje a imunidade de grupo. É uma inequívoca vitória para o país, particularmente para o primeiro-ministro Boris Johnson que se bateu por isso desde o início desta doença. Acontece que não há fronteiras protetoras para este vírus. Há um enorme risco nas viagens para o estrangeiro e há um colossal perigo inerente à entrada de gente oriunda de outros países. A mobilidade que caracteriza os nossos estilos de vida torna inevitável a circulação de variantes que as vacinas poderão não travar.
Não é, pois, com estabilidade que se constrói o nosso presente. Todavia, vislumbram-se sinais que nos dão alguma esperança. A vacinação está a avançar com a promessa de que, a partir de agora, entrará numa velocidade maior... E há um processo de desconfinamento em curso que já nos tirou de casa e que está a restituir uma parte da nossa vida de todos os dias. Há, pois, que ter calma e, acima de tudo, respeitar as regras. A progressão deste vírus dependente muito do nosso comportamento. Somos responsáveis por aquilo que acontece. Antes de atirar culpa para as autoridades oficiais, seria mais pertinente analisar os nossos comportamentos e perceber o que podemos fazer para travar esta pandemia.
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