Correio do Minho

Braga, quinta-feira

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Unidos à volta da Seleção de todos nós

Entre a vergonha e o medo

Ideias

2014-06-22 às 06h00

Felisbela Lopes Felisbela Lopes

Não é mais um jogo o que se disputa hoje em Manaus. É o jogo. Portugal tem de vencer os Estados Unidos. Porque é preciso continuar a disputar este Mundial. Porque a seleção precisa de demonstrar que é hoje um dos maiores símbolos de união do país. Porque todos nós precisamos de quem nos dê algum alento nestes tempos sombrios. Os media não falarão este domingo de outro tópico. Legitimamente.

Esta semana refletia precisamente sobre o problema da mediatização do Campeonato do Mundo no texto de opinião que escrevo na Notícias TV e que aqui retomo. Considerava ali que não se trata de um acontecimento qualquer, nem de uma qualquer equipa. O Campeonato do Mundo de Futebol é um grande evento mediático que coloca em campo os melhores jogadores de cada país. Por isso, a mediatização deve ser mais intensa, mais permanente, permitindo-se aqui e ali discursos salpicados por um registo da ordem do emocional.

Uma nação a vibrar por uma equipa de futebol, um planeta unido à volta de relvados que juntam países desavindos, povos ricos e em crise, gentes de idades variadas, de classes diversas, de gostos desencontrados. É essa cola do mundo, que nos agrega uns aos outros, que constitui a grande magia do Mundial de Futebol. E isso acontece porque os media, particularmente a televisão, ampliam à escala global um evento que, há muito, ultrapassou o que se passa nas quatro linhas.

Um europeu ou um mundial de futebol é hoje muito mais do que o momento dos desafios. Qualquer campeonato começa muito antes da respetiva cerimónia de abertura. É isso que contribui para ir fortalecendo a identidade nacional à volta de uma equipa que consideramos ser de todos nós. É claro que a empatia gerada pelo selecionador, o carisma dos jogadores e a dinâmica produzida pela equipa são variáveis importantíssimas para criar um sentimento de pertença coletiva, mas a tribo do futebol tem o seu principal ponto de encontro frente ao ecrã de TV. É ali que se criam as multidões, é ali que se constroem quadros de percepção social sobre aquilo que, a determinado momento, vale uma Seleção Nacional.

Não se poderá dizer que começámos bem este Mundial 2014. Jogamos noutro continente, somos confrontados com expressivos fusos horários, estreámo-nos quatro dias depois do início da competição e estatelámo-nos em campo. Hoje, em Manaus, encontraremos um clima adverso. Temperaturas adversas e um elevado grau de humidade. Vamos lá ver o que nos reserva mais logo à noite a equipa dos Estados Unidos.

Em território americano, os media não se mostram muito excitados com este Campeonato. Esta semana a Time ignorava este evento e a Newsweek publicava um artigo sobre este tópico, centrando-se nas cadernetas de cromos da prova. Exemplar. Por cá, todos os meios de comunicação social estão concentradíssimos no Mundial, particularmente os canais de TV. Para além das peças obrigatórias (resumos de jogos, conferências de imprensa, reações de fontes institucionais...), cada canal tem procurado apresentar trabalhos originais.

Pela frente, temos mais bola para jogar e uma grande oportunidade para fazer um jornalismo de qualidade. Inclusive para promover espaços de participação do telespectador que, neste Mundial, tem também ficado fora de jogo. Incompreensivelmente.

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