Ser Dirigente no CNE - Desafios
Ideias
2020-12-28 às 06h00
A vacina para combater o Sars-CoV2 chegou ontem a Portugal. E isso é a melhor notícia de 2020. É certo que o ano ficará marcado por uma aterradora pandemia, mas, como lembrava recentemente a revista britânica The Spectator, esse tempo também será aquele em que a ciência descobriu uma fórmula para derrotar esse vírus. De modo célere e concertando esforços a nível global.
Confesso que me senti emocionada ontem de manhã. Em diretos contínuos, as televisões foram mostrando o início da vacinação em Portugal. Percebia-se um indisfarçável entusiasmo nos profissionais da saúde a quem eram administradas as primeiras doses. Nenhuma campanha de marketing terá uma eficácia tão grande como esses noticiários onde médicos e enfermeiros explicavam por que confiavam assim na ciência. No Jornal da Tarde, o diretor de serviço de doenças infeciosas do Hospital de São João, o primeiro a ser vacinado no nosso país, explicava que todo o aparato mediático o ponha nervoso. Mas ser vacinado não. A espontaneidade da sua entrevista dava-nos uma confiança colossal neste processo.
Era isso que fazia falta: que os especialistas ocupassem o centro do espaço público mediático no que a este tema diz respeito. Por estes dias, ouvimos sobretudo políticos a falar das vacinas. Ontem escutámos os profissionais da saúde. E isso fez a diferença. Já tínhamos percebido na primeira onda pandémica o valor de um saber especializado. Os jornalistas não o desbarataram-no. E isso constituiu uma importante âncora num quotidiano demasiado turbulento.
Apesar de ter sido ontem aberta uma janela de esperança, é preciso ter consciência de que o processo será longo e estará dependente de variáveis que nem sempre o nosso país controlará. Por exemplo, a distribuição da vacina, que condicionará opções de administração que vão sendo fixadas. Num artigo conjunto publicado ontem no JN, a task force nomeada pelo governo para gerir esta operação escolhia para título as três orientações técnicas mencionadas na apresentação do primeiro Programa Nacional de Vacinação em 1965 pelo seu mentor, o então diretor geral da saúde Arnado Sampaio: vacinar, vacinar, vacinar. É isso que precisamos de fazer, mesmo se o caminho for atravessado por dificuldades. Nesse texto, os peritos explicavam a complexidade do trabalho em curso: definir rapidamente prioridades, identificar a capacidade de administração das vacinas sem risco para a segurança, criar uma eficaz logística de armazenamento e distribuição, garantir a segurança de uma operação inevitavelmente mediática, assegurar em todos os locais de vacinação o imediato registo no boletim individual (eletrónico) de vacinas e promover uma informação correta, fiável e adequada a todos os cidadãos.
Até agora, os media noticiosos têm veiculado notícias que dão conta de um certo ceticismo em aderir à vacinação. Em Portugal e noutras geografias. A partir de agora, vão arrancar um pouco por todo o lado musculadas campanha de marketing. Não será isso o mais persuasivo. O discurso jornalístico que se produzirá sobre aquilo que acontece será parte determinante para a adesão das pessoas à vacina.
Ontem foi um dia bom para a saúde. Para a ciência. E também para o jornalismo. Mais uma vez, o país encontrou-se reunido à volta de certas imagens, entrevistas e diretos. Todos guiados por um certo saber sábio. E isso tem um valor enorme para se criar uma esfera pública mais informada. E mais consciente da responsabilidade individual que temos para promover a saúde de todos.
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