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Braga, terça-feira

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Valores humanos e ética em tempos de Covid – Moda ou tendência???

A responsabilidade de todos

Ensino

2020-12-31 às 06h00

Francisco Porto Ribeiro Francisco Porto Ribeiro

A questão que se coloca, ainda na “crista da onda”, prende-se com a forma como os portugueses se têm comportado, enquanto seres humanos, em tempo de crise. Será que aceitar as fragilidades e pedir apoio a terceiros é uma moda ou tendência recorrente ou apenas revela a nossa humanidade?? E o que se espera de nós enquanto ser social?
A crise revelou o melhor e o pior de todos os portugueses. Em termos históricos, e no que se prende com aspetos gerais da colonização, os portugueses revelaram ao mundo inteiro, em comparação com os holandeses, espanhóis, ingleses e até alemães, que são conscientes das dificuldades do próximo, agindo enquanto ser humano e sentindo a dor seu semelhante. A nossa grande ação, e que ainda hoje se espelha, foi a da evangelização e da educação dos povos (houve exceções). Em termos gerais, o português revelou humanidade perante terceiros e este ano, destacou-se, com a pandemia da Covid 19. Revelámos abertura e disponibilidade para estar presentes e dar apoio, dando o nosso melhor pelo bem geral. Haverá, no entanto, algumas exceções, destacando imaturidade, inconsciência ou estupidez natural. Mas no geral, o português é uma referência para o mundo, seja em termos sociais, empreendedorismo, humanidade, trabalho, etc.

Esta crise deixou o comum dos mortais assustado(a) e com consciência das suas fragilidades, levando ao pedido de apoio. Aqui, a responsabilidade social, corporativa e individual, do povo português destacou-se pela positiva nas diversas ações, enquanto ser humano extraordinário. Desenvolvemos ações de apoio direto aos mais fragilizados, campanhas de recolha de bens alimentares que foram distribuídos aos mais necessitados, ações de empreendedorismo no esforço de uma solução que contribua para melhorar a vida social de todos. Vejam a dedicação dos nossos profissionais de saúde e do apoio aos cuidados paliativos, revelando uma humanidade extrema, muitas vezes em prejuízo próprio. A sociedade distribuiu-se, ainda, em recolha de bens e artigos para apoiar os mais necessitados e desempregados, apoio ao sem abrigo, dentro do possível, reforçadas e estimuladas. Cresceu o empreendedorismo e com atividades disruptivas que se revelaram na criação e adaptação de máscaras – uma nova moda-, ou de luvas, na adaptação de equipamento especializado para ventilação aos mais necessitados nos hospitais, de investigação e participação em equipas de topo, no mundo inteiro, para a criação da nova vacina ou, até, de motorização e controlo de apoio à sociedade, no geral.

Ainda é cedo para apurar o resultado deste esforço, mas um facto, incontestável, é que nada será como dantes e teremos que nos flexibilizar para criarmos o nosso novo normal. O mundo mudou e a esperança é que seja para melhor. 2020 obrigou-nos à mudança de hábitos e costumes (turnover social) que nos fez olhar a vida com mais cuidado e atenção. E daqui podemos extrair que o povo português termina o ano com nota máxima de “prova superada”. O próximo passo será cuidar dos sobreviventes e chorar os entes queridos perdidos, aprender com os erros pois “errare humano est”, é próprio do Homem errar, errado é permanecer no erro, pelo que temos e devemos continuar a lutar por um mundo melhor. O ambiente interno e externo, da sociedade, mudou. Já nada será igual, é um facto, mas a pergunta que se coloca é “como nos pretendemos posicionar neste momento de mudança compulsiva?” Os comportamentos sociais mudaram, as relações ajustam-se, mas até onde estaremos dispostos a aceitar a mudança?

A disrupção interna obriga à mudança de hábitos e passar “a sorrir para a Vida para que esta nos sorria”, para acreditar num mundo melhor. A mudança contribuiu para vermos como temos tratado mal o mundo e a sociedade e, por consequência, a nós próprios. 2021 é um ano para um novo começo, onde se requer esperança e capacidade para criarmos novos modelos sociais. É o ano do novo normal e onde podemos olhar para o nosso interior e procurar o que gostaríamos de mudar em nós, os hábitos sociais errados, e transformarmo-nos numa peça ativa e participativa deste mundo melhor. Aceitar as pessoas pelas suas divergências, sejam essas físicas, étnicas, rácicas ou de género, pode ser um primeiro passo para a consciência social responsável, numa visão globalizante e menos individualista. É o nosso momento de contribuir para a mudança e de sermos numa peça na engrenagem social de um mundo melhor.

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