Uma primeira vez... no andebol feminino
Ideias
2020-05-03 às 06h00
O senhor A. Costa dispensa a Constituição naquilo que ele acha que não o arranja. Dito que não resulta de interpretação minha, sentimento que dele é, que eu me limito a transcrever como melhor se incorpore na crónica que redijo.
Se grave era o dito do senhor A. Costa, gravíssimo é o dito do Primeiro-ministro A. Costa.
Enquadrando. Um estado de emergência que urge que acabe. Uma situação de calamidade nacional que lhe toma o turno, espécie de naperon levantado do almoço, sacudido à janela de migalhas, para que sobre as mesmas nódoas de vinhaça e gordura se sirva a ceia, rendado cheio e corrido do tempo de avós pacientes, do tempo de uma tia-avó solteira que não parou de dar às agulhas, esperando noivar na borda dos cem, rendado para abarcar um País do Minho ao Algarve e ilhas, que tão anafada é a catástrofe. Portugais, que Ovar são!
Anúncios preparatórios que alguns constitucionalistas se apressam a autopsiar: que não é possível restringir a liberdade de circulação, que não é possível extrapolar normativos de protecção civil, aplicando-os a todos os ires e vires de cidadãos. E eis que nos declara, um Costa que chefe de governo constitucional abdica de ser, que a coisada que ele tem engendrada será para ir para a frente «… diga o que disser a Constituição».
Desabafo assassino que não deu brado, mas que iguala um que celeuma levantou, de energúmeno A. Ventura, pela cotação oficial, que em pleno Parlamento disse que se estava nas tintas para a Constituição. Corria Fevereiro, a Assembleia entretinha-se com floreados regionalistas. Queria, o Chega-Ventura, enxotar tema que o PS tanto tem enxotado com carinha de quem o contrário deseja, só que não é oportuno.
Que falta nos faz um F. Rodrigues, para um A. Costa desinchar das suas importâncias.
Lei Fundamental que não valerá o papel em que está escrita, desviozinho totalitário que chaga sem rebuço, mas como o senhor A. Costa tem por si um coro afinado, mas como o primeiro-ministro tem tanta oposição como aquela que um A. Ventura acaricaturado protagoniza, mas como um povo amestrado baixa e benze ao príncipe socialista, como por grosso fazia a pálio bispal, pois com tais licenças faz o cavalheiro o que quer e sobra-lhe tempo.
Que talvez me atire ao homem em assunto em que direito escreva, embora fora da pauta. Que a intenção é boa, que uma população sem vontades de entregar a alma ao criador até estará com o governante. Povo que em tropel se fecha em casa com apegos santeiros e salve-rainhas de iletrados, povo que pânicos troca pelo valor facial de beijos e abraços. E se fôssemos a contas: por muito escarcéu que se faça, não estaremos a morrer – que é o que verdadeiramente interessa – em linha ou menos que em anos anteriores? E não se estará a morrer a mais por tudo o resto, por força dos cuidados que se alocam a um espantalho? Governantes que juram e trejuram verdades dizer.
Emergência factual em que nunca estivemos, e aceito que me repliquem que à prevenção se devem as vidas poupadas. Catástrofe sanitária em que não estamos, por muito que se agite a flâmula de ondas sucessivas de contaminação, cada uma pior que as anteriores. No limite: e hão de servir os hospitais para quê? E hão de servir os cuidados acrescidos que devemos a nós próprios para quê?
Satura-me o insulto colectivo, a liberdade vigilante e responsável de que não posso gozar, porque um «eles» abstracto se entregue a descuidos deliberados e a bacanais de sociabilidade.
É para cortar a todos, a Constituição é um verbo de encher.
O outro não faria melhor. O povo parece o mesmo.
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