Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2024-09-08 às 06h00
Quando pronunciámos a palavra vício falámos também de dependência. Desengane-se quem pense que os vícios apenas se circunscrevem aos hábitos tóxicos como o álcool ou a droga. Não. Neste sentido, por exemplo, a dependência do jogo tem vindo a intensificar-se cada vez mais na nossa sociedade, tanto na faixa etária mais jovem, como também, na faixa etária mais adulta. Se por um lado, há quem seja “viciado/a” em jogos de computador e/ou telemóvel, por outro lado há, quem tenha dependência de jogos de sorte ou azar. Há quem jogue pela excitação ou adrenalina que o jogo oferece, e há quem jogue pela obtenção de “ganhos rápidos” de dinheiro que possam adquirir através de uma espécie de “intuição para a sorte”. Se inicialmente o interesse pelo jogo é pelo mero interesse de divertir ou de “ver como é”, em fases mais compulsórias o não controlo pode levar a um problema muito sério. O vicio ou dependência do jogo “disfarça” ou esconde por vezes, uma questão mais emocional e profunda. Pode esconder o desejo de “fuga à realidade”, o “fugir dos problemas” tornando-se o jogo um escape. Na verdade, poderá ser para preencher um vazio emocional de algo que está “menos bem”. Será a solidão? Terá tido uma desilusão que não está a conseguir lidar? Será o desejo de algo que nunca conseguiu? Terá sido a consequência de um trauma que nunca foi tratado que terá potenciado a adição do jogo? As questões podem ser inúmeras. Frequentemente a dependência do jogo acaba por intensificar-se e “desgastar” a pessoa ao longo do tempo tanto, psicologicamente, financeiramente e socialmente. A primeira grande vulnerabilidade mais imediata a evidenciar-se é talvez o domínio financeiro em que se acaba por “se gastar mais do que aquilo que pode”, endividando-se. E como consequência, advém a perda do emprego, a perda dos/as amigos/as e os conflitos familiares. Num outro ponto da reflexão, em faixas etárias mais jovens a dependência de jogos de computador, acaba por norma por intensificar: o isolamento social (pouco ou nenhum convívio com o grupo de amigos), o desinteresse pelos estudos, e em situações mais graves podem “descurar” na sua higiene pessoal e alimentação. Em situações de abstinência ao jogo há quase que no imediato alterações psíquicas. Em que sentido? Concretamente, a pessoa com o vicio do jogo pode ser afetada por pensamentos intrusivos, “acorda a pensar” que tem de jogar e “deita-se a pensar” no jogo. Não só, mas também na ausência ou na interdição de o poder fazer, torna-se reativa, alterações de humor (tanto está bem, como depressa está mal) e alguns casos agressivo/a. A dependência do jogo é uma doença que necessita de atenção e frequentemente de intervenção especializada. E o “grande passo”, para tratar o vicio do jogo é reconhecer que tem um problema e que necessita de ajuda. Conselhos de familiares ou de amigos/as, por mais que sejam as boas intenções, nem sempre são suficientes para tratar este problema. Contudo uma palavra amiga também é importante. “Levante” com palavras e “não derrube”. De evitar dizer, “És um viciado/a”. Prefira perceber como aconteceu e ajude com intenção de potenciar a recuperação plena, “Vamos procurar ajuda para resolver este problema.” Acolha e inclua a pessoa, no circulo de amigos/as, mesmo que a mesma, numa primeira abordagem para a saída, diga não ou não mostre interesse. O convívio social ajuda a afastar os hábitos tóxicos. Não facilite e diga não, as vezes que forem necessárias numa espécie de “disco riscado”, em situações como o emprestar dinheiro, jogar computador mesmo que também goste, e a passagem por lojas que vendam determinados produtos entre outros. Mesmo que o vicio do jogo impeça a “força” e a “coragem” de procurar ajuda especializada, acompanhe e permaneça com presença sempre em todos os momentos, bons e maus.
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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