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Vida e Obra de Paulo Freire – Parte I

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Vida e Obra de Paulo Freire – Parte I

Voz às Escolas

2024-02-28 às 06h00

Maria das Dores Ramos de Passos Silva Maria das Dores Ramos de Passos Silva

Paulo Freire, de seu nome completo Paulo Reglus Neves Freire, nasceu em 19 de setembro de 1921, na cidade do Recife, no Brasil. Licenciou-se em Direito em 1947, pela Faculdade do Recife, e doutorou-se em Filosofia e História da Educação em 1960. No dia 22 de abril de 1997 deu a sua última aula na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e faleceu dez dias depois, no dia 2 de maio, com 75 anos de idade.
A vasta obra de Paulo Freire foi escrita ao longo dos vários locais onde morou. Assim, podemos distinguir três etapas da sua vida, relacionando-as com o contexto geográfico em que viveu. No primeiro período, que decorreu até 1970, vai viver no Brasil, Bolívia, Chile e EUA. No Brasil trabalhou como advogado, professor em escolas secundárias, formador de adultos em diversas instituições, diretor do Departamento Extensão Cultural da Universidade do Recife e presidente da Comissão Nacional de Educação Popular. É aqui que vai desenvolver o seu “método de alfabetização” de adultos, tentando que 40 milhões de analfabetos do Brasil aprendam a ler e a escrever e ao, mesmo tempo, a libertarem-se da opressão. A ideia era mostrar-lhes que a ‘leitura do mundo’ precede sempre a ‘leitura da palavra’ e que a alfabetização (decifração do código linguístico) deve estar ligada à conscientização (decifração da realidade).
Com o golpe de Estado de 1 de abril de 1964 este trabalho vai ser interrompido e, após várias prisões, resolve refugiar-se na Bolívia onde permaneceu durante pouco tempo pois, segundo dizia, não se sentia bem com os efeitos da altitude. Para além disso, dá-se um golpe de estado o que o impele a encontrar um novo país para o receber. É, assim, que vai para o Chile onde trabalhou para o Instituto de Formação para a Reforma Agrária, coordenando a campanha de alfabetização dos camponeses chilenos. Em 1969 vai viver para os EUA onde lecionou na Universidade de Harvard, como professor convidado. É neste período que publica as suas primeiras obras. Este é um período bastante agitado, principalmente na América Latina, mas também um pouco por todo o mundo. Estamos no pós-segunda Guerra Mundial, em plena ‘guerra fria’ com tensões e conflitos que grassam por toda a parte, entre os quais a revolução cubana (1959-1962). É, também, uma época de grande crescimento económico mundial o que levou a profundas transformações nas condições de vida da população em resultado das reformas agrárias, da industrialização e da expansão das multinacionais. Em resultado disso nascem muitos sindicatos e partidos políticos onde as ideias de Paulo Freire são bem acolhidas.
No que poderemos considerar um segundo período na sua vida (1970-1980), Paulo Freire vai viver para Genebra e vai percorrer o mundo ligado, por um lado, ao Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas, onde trabalhou como consultor especial e, por outro, ao IDAC (Instituto de Acção Cultural) que assessorou vários projetos de educação em África. É, desta forma, que se vai envolver nos programas de alfabetização de alguns países, recentemente independentes, como foi o caso das antigas colónias portuguesas. Destas experiências surge a publicação de um livro muito conhecido: «Cartas à Guiné-Bissau – registos de uma experiência em processo». Paralelamente supervisionava outras experiências de alfabetização no continente latino-americano (Uruguai, Argentina, México, Chile e Equador). Para além disso, lecionou na Universidade de Genebra.
Em 1979 consegue, finalmente, um passaporte brasileiro e, em 1980, regressa definitivamente ao Brasil após um período de 16 anos de exílio. Este pode ser considerado o terceiro período da sua vida e obra. Leciona na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e na UNICAMP (Universidade de Campinas). Em 1989, com a eleição de Luiza Erundina para a prefeitura de São Paulo, Paulo Freire assume a Secretaria de Educação, cargo que ocupa até maio de 1991. De 1991 a 1997 volta a lecionar na PUC e retorna à escrita tendo publicado mais sete livros. Após a sua morte a sua mulher publica mais três livros com escritos seus. A importância da sua obra é enorme. Daí que seja considerado um dos maiores pedagogos contemporâneos, quer pela produção teórica quer pela sua intervenção prática.

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