É nos Serviços de Acção Social que nos candidatamos a bolsas, é nas suas cantinas que temos refeições saudáveis e completas a um preço social, é nas suas residências que encontramos a nossa casa a um preço acessível, é nos seus complexos desportivos que temos a possibilidade de praticar exercício físico e é nos seus consultórios médicos que temos acesso a alguns serviços médicos a preços sociais. Isto é a missão dos Serviços de Acção Social, garantir que qualquer estudante, independentemente da sua situação socioeconómica tem acesso ao Ensino Superior e mais, que consigam frequentá-lo com sucesso. Um serviço que se torna ainda mais importante e urgente no contexto socioeconómico que Portugal atravessa e que devia acompanhar estas dificuldades.

Pelo contrário, desde o dia 1 de Outubro que observamos um aumento nos preços dos serviços prestados pelos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho, aqueles que mais deviam apoiar os estudantes e não criar barreiras ao acesso e à frequência no Ensino Superior. O alojamento, a alimentação, a cultura e o desporto sofreram subidas, com a eliminação das senhas da cantina em pack e com o aumento de 2,50 para 2,80 euros, com um quarto individual para estudantes não bolseiros a passar de 150 para 162 euros e com a subida do valor do passe anual de acesso ao ginásio de 126 para 136 euros, o que tornará ainda mais difícil a promoção do desporto e de hábitos de vida saudáveis no seio da academia.

Esta subida de preços aconteceu num momento em que deveríamos estar a procurar soluções para aliviar os custos financeiros da frequência dos estudantes no Ensino Superior, em especial na Universidade do Minho, e não aumentá-los. Afinal, isso é contrariar a missão dos Serviços de Acção Social.

Todos estes aumentos de preços têm sido justificados pelos respectivos órgãos de governo com o subfinanciamento crónico da Universidade e com o aumento de despesas dos Serviços de Acção Social no âmbito da inflação.

A Associação Académica da Universidade do Minho, que sempre se mostrou desfavorável a estas decisões, apelou ao Conselho Geral na discussão do Plano de Actividades e Orçamento (PAO) da Universidade do Minho e dos seus Serviços de Acção Social. Criticam o Reitor da Universidade do Minho, dizendo não entenderem como é que, com o aumento do financiamento em Orçamento de Estado à Universidade do Minho, este não aumentou o apoio aos Serviços de Acção Social, tendo mantido a redução do financiamento realizada em 2019. Não tirando a responsabilidade do Estado e a falta de financiamento deste, acrescentam que a Universidade não está a apoiar os SASUM como foi compromisso em 2019, aquando da redução de cerca de 45% do apoio destes aos Serviços de Acção Social.

O Conselho Geral acabou por aprovar o documento, uma decisão que a AAUMinho lamenta, acreditando e defendendo que os Serviços de Acção Social têm de ser uma prioridade e que não podem ser os estudantes a comportar as dificuldades financeiras da Universidade do Minho, dos Serviços de Acção Social e do Ensino Superior no geral.

Margarida Isaías, Presidente da AAUMinho e membro eleito do Conselho Geral, votou contra o documento com a seguinte declaração de voto: “Em 2023, vimos um aumento de preços generalizado dos serviços prestados pelos SASUM quando os estudantes mais precisavam dos Serviços de Acção Social. Voto contra este PAO, porque não considero que preveem melhorias no apoio aos estudantes para 2024, podendo até caminhar no sentido de reduzir os apoios aos mesmos".