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Braga, quinta-feira

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António Salvador é o rosto da mudança: 'Sporting de Braga está preparado para vencer'
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António Salvador é o rosto da mudança: 'Sporting de Braga está preparado para vencer'

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António Salvador é o rosto da mudança: 'Sporting de Braga está preparado para vencer'

Entrevistas

2010-03-12 às 06h00

Paulo Monteiro Paulo Monteiro

António Salvador é presidente do Sporting Clube de Braga desde 24 de Fevereiro de 2003. Os últimos sete anos transformaram radicalmente o clube numa equipa de sucesso. Com a sua entrada foi conquistado o profissionalismo e o rigor no trabalho. Hoje, o clube é reconhecido em todo o Mundo e os títulos... “estão para breve”.

Citação

À hora certa lá estava o presidente. António Salvador aceitou o desafio lançado pelo ‘Correio do Minho’ e deu a sua grande primeira entrevista desde que assumiu a presidência há sete anos. Fez questão de mostrar toda a máquina montada no Estádio Axa. O profissionalismo. O rigor. A gestão. A máquina do futebol profissional e onde nada falta. Mostrou toda uma equipa unida e a trabalhar 24 horas por dia para o futebol. Para o futebol e não só... para os títulos que acredita vão chegar muito em breve.

Foi a 24 de Fevereiro de 2003 que António Salvador assumiu os destinos do Sporting Clube de Braga. Começava, neste dia, de forma oficial, a sua caminhada de sucessos no clube, se bem que em momentos anteriores já o tinha ajudado, onde se destacou o empréstimo no Miklos Féher...

Correio do Minho - Como chegou a presidente do Sporting Clube de Braga?
António Salvador - Primeiro porque gosto de futebol. Segundo porque, numa altura de crise directiva que o clube atravessava, um grupo de amigos tentou convencer-me para que eu assumisse a presidência do Sporting de Braga. Na altura poucas pessoas acreditavam no que poderia ser a minha gestão e a dos meus colegas. Mas quem me convidou conhecia-me e sabia do que era capaz de fazer. Aceitei um desafio em prol de uma causa, de um clube, de uma cidade.

Sete anos de presidência. Mas já tinha uma relação com o clube...
Já antes de vir para o Spor-ting de Braga tinha amigos no futebol e tinha relações próximas com o F.C. Porto. Na altura, o clube queria o Miklos Féher e junto dos meus conhecimentos fiz os possíveis para que isso fosse realidade. Mas, nessa altura, não me passava pela cabeça vir a ser presidente do Braga.

O certo é que acabou por ser presidente....
É verdade. Mas tudo aconteceu de repente. Um grupo de amigos convidou-me, insistiu comigo para dirigir os destinos do clube e eu, a determinada altura, já não podia dizer que não. O clube não estava bem e era preciso fazer alguma coisa de forma urgente. Insistiram e convenceram-me.

Quem, de facto, o acabou por convencer?
Uma das pessoas já cá não está, o cónego Eduardo de Melo Peixoto. Também não posso esquecer Mesquita Machado. Uma pessoa que já me conhecia e, embora não tivéssemos grande intimidade, conhecia as minhas capacidades e via em mim a pessoa certa para gerir os destinos do clube. Aceitei o convite dele. Acho que o clube, se é o que é hoje, também o deve muito a esse homem que se chama Mesquita Machado. Se no passado o clube teve situações difíceis, só não ficou pior porque ele sempre tentou resolver os seus problemas. Nas horas difíceis disse sempre presente.

Quais são as relações actuais com a autarquia? Ou melhor qual a influência de Mesquita Machado no clube?
A relação com a autarquia é apenas institucional. Há um protocolo para a formação e mais nada. A partir daí a gestão do clube é completamente autónoma da autarquia, e não existe qualquer intervenção desta, mesmo do seu presidente.

Mas há boas relações?
Boas, cordiais e saudáveis entre instituições.

António Salvador: “Cortámos com o passado ...hoje somos o quarto grande”

Sete anos e uma viragem de 180 graus... Profissionalismo e rigor de gestão. Excelentes resultados desportivos e o mostrar que é, de facto, o quarto grande de Portugal. Argumentos válidos que marcam o seu mandato...
Quando aqui cheguei disse que o importante era trabalhar para a recuperação financeira e para a estabilidade desportiva. O clube tinha de ter como objectivo lutar sempre pelas competições europeias e estar sempre lá e, ser, de facto, o quarto grande do futebol português.

Um trabalho que foi feito por fases...
Claro. Em termos de gestão é importante referir que a questão económica está sempre ligada ao factor desportivo. E o equilíbrio financeiro foi conseguido através dos bons resultados desportivos. Hoje, o clube não tem nada a ver com o que era no passado. O Sporting de Braga, em sete anos, ficou sempre classificado para as competições europeias. Em toda a sua história, até 2003, fez 22 jogos. Daí para cá fez 38 jogos.

De facto, tudo mudou...
O Sporting de Braga teria de ser um clube respeitado, diferente, um clube modelo com uma nova imagem e que servisse, acima de tudo a sua cidade, e que os adeptos se revissem neste clube. E é para isso que nós trabalhamos todos os dias, para que este clube seja diferente daquilo que era no passado. Um clube que deixasse de ser de vaidades, de pessoas... Nos últimos sete anos o clube é gerido pelas pessoas de uma forma profissional e todos trabalham em prol do clube e do seu crescimento.

No fundo, um clube de todos e que todos mandavam...
... e no fim ninguém mandava bem, é isso!

Passamos a ter um clube presidencialista...
Aquilo que eu tentei impor aqui ao longo deste anos foi que o clube tivesse profissionalismo no seu trabalho e um rosto, uma direcção. Uma linha de conduta que saia sempre de dentro para fora e nunca ao contrário. Existe um estratégia e onde todos falam a uma só voz. É essa a nossa gestão e o que tem demonstrado ao longo destes sete anos. E é isso que tem de continuar a fazer no futuro se quiser ter sucesso.Neste momento, o clube está bem e tem de continuar assim, com estabilidade. Nunca mais poderá voltar ao passado... O clube hoje tem uma dimensão que não tinha há sete anos.

Um clube ganhador. Isso é importante para uma gestão de sucesso. Uma das suas grandes apostas é a do marketing, na imagem do Sporting Clube de Braga. Todos os dias há novidades. Porquê esta vertente inovadora no clube?
Há sete anos defini uma estratégia para este clube... A estratégia era a da recuperação económica e desportiva. Contratamos profissionais para trabalhar na estrutura do clube, desde a área de marketing, administrativa e do futebol. Se reparar, o Braga cortou completamente com o passado. As pessoas que me acompanham são todas novas. Tivemos que ter um corte com o passado. E se eu não tivesse feito isso, provavelmente o Braga não teria o sucesso que tem. Seria muito difícil continuar um trabalho que não estava a ser bem feito. A partir daí delineei uma estratégia e essa mesma estratégia está bem definida e é seguida por uma administração, por uma direcção e por pessoas profissionais e que trabalham de uma forma coerente. Todos eles transformaram este clube, quer a nível de marketing, credibilidade e de imagem. Hoje, o Sporting de Braga é um grande clube. Internacionalmente respeitado e conhecido por essa Europa fora.

Dizem que se levanta todos os dias às seis da manhã para começar a trabalhar. A sua dinâmica empreendedora que tem a nível pessoal foi colocada, também, ao serviço do Sporting de Braga?
É claro que sim. Quando me dedico a uma causa dedico-me com todo o meu profissionalismo. Mas quero que fique bem claro que, tanto eu como a minha direcção, e a administração, ninguém é profissional no clube. Todos eles trabalham em prol de uma causa e de um Sporting de Braga cada vez maior. Ninguém é remunerado. Só aqueles que cá estão, e trabalham a tempo inteiro e que desenvolvem toda a estratégia delineada de cima é que são pagos.

Mas António Salvador também faz muito...
É verdade. Mas o clube não me ocupa o tempo todo. Tenho as minhas empresas e dedico-me ao clube de uma forma apaixonada e defendendo os seus interesses como se fosse uma actividade minha profissional.


Eleições são em Outubro: “só eu sei a minha decisão”

O mandato de António Salvador está a terminar. Há eleições em Outubro mas presidente não levanta a ponta do véu sobre o futuro: “não serei eterno no clube. Já sei qual é a minha decisão mas não a vou dizer agora. E não há razões para não aparecerem candidatos”

No próximo ano o Sporting de Braga faz 90 anos. Há cinco anos atrás, nos 85 anos, todos vimos um excelente programa de aniversário que culminou com uma grande gala no casino da Póvoa. Pergunto: para o ano qual o programa que está delineado?

AS - Repare... este clube merece celebrar os 90 anos de uma forma digna. Não só pelo seu passado, mas também pelos anos mais recentes, nomeadamente os últimos sete. O Sporting de Braga, mesmo não conquistando nenhum título nacional, tudo fez para isso. Mas conseguiu um título internacional, que foi a conquista da Taça Intertoto, que em Portugal ninguém conseguiu. Até a própria comunicação social desvalorizou esse título. Mas é só o terceiro título mais importante da UEFA. Pela caminhada que fez neste últimos anos, por tudo aquilo que se conseguiu impor cá dentro e lá fora, o clube merece comemorar com grande significado os seus 90 anos.

CM - Mas o que vai fazer nos 90 anos?

AS - Não sei... nem sei se serei eu a programar as comemorações dos 90 anos. Como sabe, em Outubro, há eleições e a partir daí poderá haver candidatos ou o clube continuar com esta direcção, ou não...

CM - Mas é candidato?

AS - ... não vou falar.

“Sempre disse que não ia ser eterno no clube”

CM - António Salvador é um homem de sucesso e levou o clube ao sucesso. Não acha que devia continuar?
AS - Sempre disse que não ia ser eterno no clube. Disse que vinha, juntamente com a minha equipa, para defender a estabilidade e o crescimento do clube... Aqui trabalha-se sempre a pensar na estabilidade e crescimento. Qualquer que se seja a pessoa que vier dirigir o clube terá que ter uma linha sustentada de crescimento e dar continuidade a esta estabilidade. Este clube e esta cidade merecem-nas. Temos de continuar nesta senda e ser cada vez mais o quarto e cada vez mais destacados dos outros e mais perto dos três grandes.

“É importante para o clube e para a cidade que apareçam candidatos às eleições”

CM - É dos livros que uma boa gestão, sendo feita por um bom presidente, deve ter continuidade... O António Salva-dor é um homem de sucesso. Não era importante a sua continuidade no clube?

AS - Importante... repare; a estabilidade é sempre importante quando as pessoas estão certas. Mas acho que é importante para o clube e para a cidade que apa-reçam candidatos às eleições. É que isso é sinal de vitalidade. Este clube e esta cidade têm pessoas com condições para aparecerem...
Veja-se, por exemplo, o caso do nosso vizinho, Vitória de Guimarães. Em todas as eleições aparece mais do que um candidato.

CM - Não quer dizer mais nada?

AS - Deixe-me dizer: compreendo que, se calhar, no passado, era complicado isso acontecer. Mas, nesta altura, não há razões para não aparecerem candidatos. Isso era bom para o clube.

CM - Assume, ou não, uma dessas candidaturas?

AS - Eu sempre disse, e repito, que não ia ser eterno cá dentro. E também sei qual é a minha decisão. Não o vou dizer agora, mas quando chegar a altura e a hora certa, os associados e os bracarenses saberão qual é a minha decisão sobre o clube.
No entanto, quem vier para este clube sabe que o irá encontrar de uma forma organizada, estabilizada, com receitas.... A minha ambição neste clube é ter sempre mais e de uma forma sustentada. Quero que este clube tenha conquistas, que chegue ao topo e eu sinto que este clube está mui-to próximo de conquistar títulos. Não sei se vai ser comigo, ou se vai ser com quem vier a seguir. Mas uma coisa é certa; ele vai ganhar. Começou a criar raízes para que isso seja possível. Agora essa continuidade é que tem de continuar....
Quando cá cheguei o clube geria receitas operacionais na ordem dos dois milhões e meio de euros e hoje já gere cerca de nove milhões. É importante gerar receitas para se ter êxitos desportivos.



Nota: entrevista na íntegra na edição em PDF que pode ser descarregada no sitio do Correio do Minho.

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