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Artistas minhotos reinventam-se
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Artistas minhotos reinventam-se

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Artistas minhotos reinventam-se

Entrevistas

2020-05-25 às 06h00

Patrícia Sousa Patrícia Sousa

Com a Covid-19, os espectáculos foram todos cancelados. Mas os artistas minhotos não cruzaram os braços e reinventaram-se de mil e uma formas. As redes sociais estão a dar uma ajuda, mas há quem já tenha até um palco móvel para actuar pelas ruas.

Citação

Não há festas da aldeia. Não há festivais. Não há arraiais. Foi tudo suspenso. Mas os cantores de música popular portuguesa do Minho não baixaram os braços e estão a reinventarem-se. Com a ajuda das redes sociais, uma boa dose de criatividade e uma pitada de generosidade não faltam sugestões e boa disposição por estes tempos. Tal como diz o ditado ‘as tristezas não pagam dívidas’ e os cantores minhotos continuam a levar alegria a todos os apaixonados pela música popular portuguesa.

O grupo Sons do Minho já ‘mexeu’ em 35 datas de espectáculos. “Felizmente, quase todos foram protelados para 2021. É de louvar o sentido de responsabilidade das entidades contratantes. Embora não seja o cenário ideal é o possível e dá alguma segurança”, contou Pi, um dos elementos que integra o grupo, referindo que os espectáculos que não conseguiram adiar foram os casos de comissões de festas que terminam agora os ciclos.
Perante a Covid-19, o Sons do Minho intensificou o trabalho nas redes sociais. “Iniciámos em Novembro de 2017 o projecto ‘Tertúlia à desgarrada’, mas tivemos de suspender, porque obrigava sempre à junção de sete a 10 pessoas”, contou o cantor, referindo que os ‘eventos virtuais’ continuaram. “Logo no dia 13 de Março fizemos uma adaptação do nosso tema mais conhecido ‘Dá-me um beijinho’. Foi a nossa primeira acção, também de prevenção e de sensibilização”, revelou Pi, destacando o facto da nova versão do tema mais conhecido do grupo já ter quase uma milhão e meio de visualizações.

Entretanto, o grupo promoveu o programa ‘Rotinas da Quarentena’ e, durante seis sábados, Pi e Jorge retrataram, em desgarrada, as lides domésticas. Aspirar, ir às galinhas, fazer um bolo, passar a ferro ou lavar a louça inspiraram as letras. “Durante seis semanas conseguimos ter as pessoas à assistir nas redes sociais. Aqui também conseguimos entre 750 a um milhão de visualizações”, sublinhou entusiasmado com o facto de terem conseguido manter os fãs “sempre perto”.
Entretanto, o grupo juntou-se a Augusto Canário, a Quim Barreiros, a Zé Amaro e a José Malhoa para fazer uma nova versão da ‘Casa Portuguesa’ de Amália Rodrigues, que “correu muito bem”.
Esta semana, o grupo retoma a ‘Tertúlia à desgarrada’. “Vamos fazê-lo com todos os cuidados, ainda que de forma mais reduzida”, referiu Pi, agradecendo ainda aos órgãos de comunicação social que também foram “aliados” nesta fase e ajudaram os artistas a estarem mais próximos do público.

Também Cláudia Martins & Minhotos Marotos não baixaram os braços. “Vivemos uma situação alarmante pela falta de soluções para o futuro e estou um pouco preocupada, porque são bastantes famílias que dependem de mim. A minha equipa é composta por 20 pessoas entre músicos, staff e equipa técnica”, confidenciou Cláudia Martins, referindo que tinham agendado 87 espectáculos. “Felizmente trabalhamos de Janeiro a Janeiro, mas só conseguimos fazer oito espectáculos até o dia 16 de Março”, contou Cláudia Martins, referindo que “a maior parte dos espectáculos foi adiada para o próximo ano, mas isso não chega, porque as despesas não podem ser adiadas”.

Para colmatar a falta de espectáculos, o grupo teve de se reinventar. “Adaptámos o nosso habitual espectáculo a um trio eléctrico, ou seja, um palco móvel em que podemos fazer o espectáculo, desfilando pelas ruas da freguesia, da vila ou da cidade, podendo manter assim a nossa actividade e a cultura viva”, anunciou a cantora, acreditando que o grupo também está a “dar um sinal de positivismo e esperança à população em geral”, deixando um sorriso no rosto das pessoas.

‘Arraial à sua porta’ é o nome do projecto e Cláudia Martins confidenciou que estão a ser reagendadas algumas datas de espectáculos, que só serão confirmadas no final do mês. “Esta foi a nossa solução e reinvenção para tentar colmatar os 87 espectáculos marcados, mas vamos conseguir fazer de 30 a 40% dos espectáculos”, assegurou a artista, adiantando que há comissões de festas e até municípios que estão agradados com a ideia. “Em algumas festas e romarias vamos na mesma actuar, só que à porta da casa das pessoas. Vamos na mesma levar alegria à porta, à varanda ou à janela das casas, permitindo assim que se divirtam ao som das nossas músicas”, desafiou a artista.

Entretanto, na semana passada, Cláudia Martins & Minhotos Marotos lançaram um novo projecto: ‘Portugal e a sua formação’. “É um trabalho cantado à desgarrada e é composto por 10 temas. Temos o instrumental do hino nacional à desgarrada, um outro tema refere-se aos feriados nacionais e as restantes músicas fazem um breve resumo da história de Portugal”, revelou a porta voz do grupo.

Cantores solidários e com músicas novas

Entre músicas novas, contactos com os fãs, os cantores também não esquecem quem mais precisa. É o caso do cantor Zé Amaro, que todas as semanas está a entregar cabazes alimentares a quatro famílias necessitadas.
Sempre ligado à solidariedade e porque a “música tem uma força muito grande para estar parada”, Zé Amaro decidiu fazer lives todos os sábados, às 22 horas, e anunciar os vencedores dos cabazes. “Logo que tudo isto começou recebi e-mails a pedir ajuda. Há pessoas que não têm pão na mesa e eu não podia ficar indiferente”, confidenciou o cantor, que já costuma entregar cabazes por altura do Natal.
Com patrocínio de fãs, amigos e supermercados, que doam os alimentos de primeira necessidade, Zé Amaro consegue chegar “mais perto” de quem realmente precisa.

Os fãs enviam o e-mail e uma assistente social e uma psicóloga clínica ajudam a analisar, com pormenor e rigor, cada pedido de ajuda. “Só para este sábado tínhamos oito pedidos e entregamos cabazes a quatro pessoas”, contou o cantor, confessando que não pode dar aquilo que tem para vender, mas encontrou um forma “bonita” de ajudar. “Faz-nos bem fazer o bem no meio disto tudo”, confidenciou.
Depois de ter estado doente e afastado dos palcos, Zé Amaro regressou “em grande”, enchendo o Super Bock Arena e a Feira Anual da Trofa. “No dia seguinte ficamos todos confinados em casa. Está a ser uma situação difícil e é muito complicada, sobretudo por causa da minha equipa, que é composta por 30 pessoas, muitas delas profissionais”, referiu.

Com agenda cheia, Zé Amaro tinha 82 espectáculos marcados para Portugal, chegando aos 100 se contarmos os concertos previstos nas comunidades portuguesas. “No início de Maio já perdemos seis espectáculos e em Abril também tínhamos três concertos lá fora”, recordou.
Como é cantor profissional já lá vão 15 anos e sempre foi muito organizado, o cantor tem as suas reservas financeiras, mas preocupa-o muito os elementos da equipa. “O Estado não ajuda, não temos apoio nenhum, depois marcam-se datas para o regresso de tudo, menos para nós. Não temos notícias nenhumas de quando poderemos retomar a actividade”, lamentou Zé Amaro, contando que, pelo menos até Setembro, não se vai fazer nada.
“O ano de 2020 vai ser o ano zero para muitos de nós, mas Graças a Deus os espectáculos estão todos a passar para 2021. Mais de 90% já adiaram as festas. Tenho, entretanto, em Outubro casa cheia no Casino da Póvoa e em Novembro seis espectáculos nos EUA. Vamos ver como tudo isto corre”, atirou.

O cantor Victor Rodrigues também tem os espectáculos todos cancelados. “Estava a fazer as comunidades portuguesas e o último espectáculo que fiz foi na Alemanha”, lembrou o cantor barcelense, que tinha 40 datas marcadas em Portugal. “Estes tempos têm sido em casa com a família a fazer músicas novas e a explorar os programas de gravação”, destacou o jovem que, entretanto, já apresentou dois novos temas: uma desgarrada e ‘Canta o Galinho’.
O contacto com os fãs também não é esquecido e o cantor faz directos nos facebook e retribui chamadas.

Também Jorge Amado tem os espectáculos todos adiados. Em casa tem estado a preparar letras para o novo trabalho, o sexto álbum. “‘De irmão para irmão’ é o tema do novo álbum, que vai ser lançado em Dezembro deste ano e vai contar com muitas surpresas”, anunciou.
Os 49 espectáculos com banda que tinha agendado estão a passar para 2021. “Vamos aguentando, não está tudo perdido”, confidenciou o cantor, que tinha também muitos espectáculos nas comunidades, nomeadamente, na Austrália, nos EUA, na Suíça e na França. Jorge Amado também mantém uma “relação muito forte” com os fãs nesta fase.

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