Leandro Ferreira Luís reeleito líder da Distrital do PSD
2025-02-15 às 06h00
Candidato da CDU à Câmara de Braga acredita ser possível reforçar a votação nas eleições autárquicas e espera chegar aos dois vereadores. João Baptista aponta a mobilidade e habitação como prioridades e defende nova variante exterior.
Ambição elevada. É com um sentimento de “orgulho” e confiança em “reforçar a votação”, que João Baptista encabeça a candidatura da CDU - Coligação Democrática Unitária à presidência da Câmara de Braga nas eleições autárquicas de 2025. Candidato, de 51 anos - filho de Casais Baptista, antigo vereador da CDU no tempo da gestão de Mesquita Machado -, esteve no programa ‘Primeiro Plano’, numa entrevista conduzida por Paulo Monteiro e Rui Alberto Sequeira, onde deu a conhecer as principais linhas do programa da coligação e assumiu que parte com confiança e de olho em alcançar dois vereadores.
“É um objectivo maior, temos uma ambição maior, queremos ver se conseguimos reforçar a votação e conseguir pelo menos dois vereadores. Acho que a população reconhece todo o trabalho da CDU e a CDU está empenhada em conseguir que os cidadãos reconheçam o trabalho que temos feito e percebam que estando lá damos mais força às populações, aos comerciantes, aos utentes dos serviços públicos. Toda a comunidade da nossa cidade sente que, quando a CDU está presente num executivo, fazemos parte do executivo, um vereador da oposição também faz parte do executivo e estando lá vamos contribuir com as nossas propostas e ideias para uma governação melhor da cidade”, sublinhou.
Olhando aos resultados de 2013, 2017 e 2021, a CDU teve uma redução de votos (8.355, 9.000 e 6363), mas os números não preocupam o candidato: “acreditamos que as eleições autárquicas são um caso muito especial e concreto, os eleitores olham para as pessoas, não olham propriamente para o partido ou para o logotipo, acreditamos que temos pessoas e somos uma equipa com muito valor e que vamos conseguir reforçar essa votação. Não digo que essa preocupação não exista, recordo que a CDU já teve um vereador, já perdeu, já teve outra vez e acho que vamos conseguir manter e reconquistar ainda mais votos”.
Numas eleições em que se perspectivam mais candidatos do que há quatro anos, já com os candidatos conhecidos do PSD (João Rodrigues) e do PS (António Braga), João Baptista diz não estar preocupado com uma eventual divisão de votos à esquerda e à direita.
“Em relação ao PSD e ao candidato João Rodrigues, temos a sensação que foi uma segunda escolha, o próprio presidente da câmara apostava na vereadora Olga Pereira, irá com certeza haver votos de pessoas descontentes do PSD que vão votar em nós. Temos também o PS que andou à turra e à massa nos últimos tempos e apresenta um decano do partido com o seu valor do passado como secretário de Estado, mas que estava relegado da política e há 12 anos que não se ouvia falar dele e que não nos parece que tenha o consenso total dos militantes do PS. Assim sendo, nós CDU iremos com certeza buscar votos aos descontentes do lado do PS, que não se identificam com esta candidatura e também alguns que não acreditam que João Rodrigues fosse a pessoa mais competente para os desígnios da nossa cidade. Estou confiante que vamos conseguir captar votos à esquerda e à direita”, assumiu, acrescentando que as autárquicas são sempre “umas eleições muito particulares focadas na personalidade e carácter dos candidatos”.
“Olhando a isso, temos condições para reforçar a votação”, frisou.
Nova variante exterior à cidade é a solução defendida pela CDU para combater o trânsito
Nos últimos 12 anos, Braga evoluiu, estagnou ou regrediu? À pergunta colocada, João Baptista foi claro: “irei mais para a última afirmação, de facto, a cidade cresceu em população, mas não podemos dizer que o crescimento de Braga foi sustentado. O presidente da câmara fala muito das dores de crescimento, mas isto são mais do que dores, é uma agonia constante da população de Braga, que, quando quer utilizar a rede viária, vê-se num autêntico caos, seja no Nó de Infias ou Santos da Cunha, o problema agudizou-se muito”.
Para o candidato da CDU, o protocolo criado entre a câmara e a Infra-estruturas de Portugal para desatar a obra do Nó de Infias “foi muito tarde”, num processo que peca por tardio a vários níveis.
“O Nó de Infias não resolve o problema, é um paliativo. O que resolve o problema é uma nova variante exterior de Braga, defendi isso já em debates com o executivo, já o disse na Assembleia Municipal e é criar como o Porto e Lisboa têm. O Porto tem uma CREP (Circular Rodoviária Externa do Porto) e uma CRIP (Circular Rodoviária Interna do Porto), Lisboa tem a CRIL e CREL e Braga também tem que ter. Temos que ter a força que a nossa cidade merece, é o terceiro maior município do país e teria que ter força perante o poder central para reivindicar e exigir que a Variante do Cávado fosse uma realidade nos dias de hoje. E não é. É uma pequena amostra entre o Nova Arcada e Dume, mas essa via iria desafogar completamente o Nó de Infias, por isso é que digo que é um paliativo, porque o que interessa é a Variante do Cávado”, defendeu.
Lembrando que “Braga tem ainda muito trabalho pela frente para fazer”, João Baptista diz que “infelizmente, os 12 anos não foram suficientes para esta maioria da Coligação Juntos por Braga”, e revela que a CDU tem “uma visão muito concreta do que deve ser feito”.
“No nosso programa eleitoral, estamos a recolher contributos de pessoas na área da mobilidade para que Braga fique com uma mobilidade apetecível e para que as pessoas fluam sem recorrer ao seu carro próprio. É um paradigma que tem que acabar em Braga, não podemos ter os carros todos a entrar na cidade e a criar este caos dentro das artérias da cidade”, sublinhou o candidato, defendendo a criação de uma espécie de ‘Park&Ride’ numa zona periférica da cidade, para estacionamento e ligação a transportes públicos, “como já há muito se falou na vereação de Casais Baptista”. “Defendemos isso, deixar o carro gratuitamente estacionado e ter transportes para o centro da cidade, as pessoas deixavam de ter que trazer o carro para a porta do trabalho. Pode passar pelo BRT ou por um reforço ferroviário de Guimarães para Braga, em que estamos sozinhos nessa luta. Há muito movimento pendular Braga- Guimarães, eu próprio estudei em Guimarães e tinha que fazer esse percurso todos os dias na N101, e é preciso reforçar os transportes colectivos e uma boa frequência. É preciso apostar nos outros meios de transportes”, explicou, deixando claro a necessidade de se criar um novo “paradigma”, sensibilizando “as pessoas que não compensa levar o carro ao centro da cidade”.
Linha de BRT até à futura estação de alta velocidade
Em relação ao BRT - Bus Rapid Transit, João Baptista recorda que a CDU aprovou “com reservas”, porque “achamos que tudo o que venha para tirar transportes individuais é bem-vindo”, contudo, “o BRT é uma solução que tem que ser mais bem enquadrada na cidade”. “É preciso estudar melhor os trajectos e acabar com alguns cruzamentos que estão previstos. Achamos que este executivo acordou demasiado tarde, estão a terminar os prazos do PRR e o envelope financeiro de 100 milhões para o BRT termina daqui a 14 meses”, alertou.
António Braga, candidato do PS, já tornou público que, se for eleito, não haverá BRT, mas a CDU não vai “assumir essa responsabilidade”: “as coisas não podem ser ao sabor da mudança dos dirigentes políticos”. “Há caminho a fazer nesta definição dos canais do BRT, no aumento da rede BRT, que foi de quatro e aparece com dois e porque não criar um BRT até à futura estação de alta velocidade?. É fundamental pensar nisso. Vai ser imprescindível ligar a nova estação ferroviária com o centro da cidade”, defendeu.
“Câmara tem que patrocinar construção de habitação como no Porto, Lisboa ou Oeiras”
Para além da mobilidade, a habitação é considerada prioridade da CDU, naquele que é “o principal problema em Braga”. “A falta de habitação já tem levado muitos casais de jovens a ir viver para outros concelhos vizinhos, Amares ou Vila Verde, porque não conseguem comprar casa. A construção e o sector imobiliário é um sector especulativo e importava antes de aumentar a mancha de zonas de construção na revisão do PDM era ter o PRR da habitação no terreno. E isso é uma marca muito negativa deste executivo, em 12 anos com o Plano de Recuperação e Resiliência vamos ter muito pouco de habitação, ainda agora foi apresentada uma coisa muito pequena de 441 mil euros para reabilitação de 27 habitações, quando concelhos de dimensão menor, como Figueira da Foz, tem 300 habitações, Lisboa 1.300, Oeiras 700 e Braga zero, não estamos a ver este problema a ser tratado e, se deixarmos isto nas mãos dos especuladores imobiliários, não vamos resolver”, frisou João Baptista.
Segundo o candidato, o PDM “é um assunto que estamos a tratar muito seriamente” e “não achamos que este crescimento de cidade vai resolver o problema da habitação”. “Sabemos que a especulação imobiliária não tem resolvido isto e os preços dos apartamentos exorbitantes não são para a população de Braga”, acrescentou.
A CDU defende que seja a câmara “a patrocinar a construção através da BragaHabit à semelhança do que aconteceu no Porto, Lisboa ou Oeiras, por exemplo”. “A câmara deve chamar a si essa responsabilidade em protocolo com o IHRU com a posse de edifícios devolutos, por exemplo, reabilitar esses edifícios dando outra vida ao centro da cidade. O alojamento local tem tirado habitantes da cidade, a câmara de Lisboa já limitou isso, e não queremos isso para Braga, achamos que devia haver um travão à reabilitação urbana que vise esse tipo de negócios que é especulativo”, explicou, recordando que na Assembleia Municipal a coligação chegou a propor que o executivo penalizasse os proprietários de edifícios devolutos com aumento de IMI e começando a construção de habitação pública.
“Portugal é dos países com menos habitação pública da Europa, em seis milhões de habitações, temos 126 apartamentos ou casas”, revelou.
Neste âmbito, João Baptista considera um “esforço muito parco da BragaHabit e muito pouco significativo”. “Braga ficou muito para trás neste comboio da promoção da habitação e a cidade está a perder os seus habitantes naturais”.
Apostar num desígnio da regionalização
Quanto à Área Metropolitana do Minho, a CDU é contra e João Baptista lembra que nesta questão “estamos a esquecer que existe o Alto e o Baixo Minho”. “Viana do Castelo não está tida nesta equação, por isso, onde entra a Área Metropolitana do Minho, se não está o distrito de Viana? A Área Metropolitana do Minho parece- -nos um ‘fait divers’, entendemos que com as verbas da CIM Cávado e CIM Ave não há razão para discriminação, o que temos é que apostar num desígnio da regionalização. Acredito na regionalização, a constituição assim o diz, que não é mais do que se passa aqui ao lado na Galiza”.
Por último, no tema da remunicipalização da AGERE, a CDU diz ser “a única força política coerente”, porque “sempre defendemos a remunicipalização da AGERE”. “Fizemos as contas e com os lucros que a AGERE dá era possível pagar a indemnização aos privados e ficar a AGERE só na esfera do município, as tarifas podiam baixar e não deixávamos 49% nas mãos dos privados”.
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