P - A Associação Empresarial de Braga (AEB) está a assinalar 160 anos de existência. Nesta data comemora-se um percurso muito importante desta entidade representativa do sector do comércio nesta região?
R - São 160 anos de uma instituição muito respeitada a nível regional e nacional. Durante 160 anos esta associação teve uma representatividade muito acentuada, ajudou vários empresários a construírem grandes impérios que hoje existem na nossa região. Em colaboração com entidades com as câmaras municipais, ajudou a transformar a região no que é hoje. Tivemos sempre um papel muito interventivo na sociedade não só na área empresarial, mas também impulsionando o crescimento da região.

P - Ao longo dos últimos anos a AEB tem estado em crescimento. Este reconhecimento como Câmara de Comércio e Indústria, que surgiu no âmbito da comemoração dos 160 anos, tem também efeitos práticos?
R - Esta era uma ambição muito antiga da AEB, e que ganhou força no último mandato de Macedo Barbosa. Fizemos desde logo uma alteração aos nossos estatutos para nos podermos submeter à apreciação do Governo para uma possível passagem a Câmara do Comércio e Indústria. Quando tomei posse na AEB demos então rumo a essa grande ambição da nossa direcção. Apresentamos a nossa candidatura ao Governo, a qual foi rapidamente aceite, também pela representatividade que temos, pela nossa história, pelo que aportamos à nossa região e às empresas. Este reconhecimento vem dar ainda mais vantagens aos nossos empresários, nomeadamente ao nível de documentação para exportação. Mas para além disso, o que considero mais importante numa Câmara de Comércio é a ligação que nós temos à rede de Câmaras de Comércio internacional, onde podemos apoiar os nossos empresários com contactos directos com clientes, com fornecedores, com possíveis parceiros, e essa ligação que temos agora mais vincada com as Câmaras do Comércio pode ajudar muito no processo de internacionalização das empresas da nossa região.

P- Há uma década que em Portugal não era atribuído este estatuto de Câmara de Comércio. Esta facilitação que agora surge com a Câmara de Comércio e Indústria pode ser mais um incentivo à exportação?
R - Sem dúvida. Esta é uma atribuição muito restrita. Nos últimos anos tinha sido apenas atribuída a uma associação, já que exige determinados requisitos e alguma credibilidade por parte das associações. Recebemos o apoio do Governo e vimos a nossa capacidade e influência reconhecidas. Fazemos parte da direcção da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), fazemos também parte da direcção da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), recebemos um reconhecimento recentemente por parte do Presidente da República... Tudo isto contou para que a AEB tenha sido reconhecida como Câmara de Comércio e Indústria, o que vai trazer muitas mais-valias às empresas da região, nomeadamente ao nível da exportação. Esses serviços já estavam disponibilizados por outras Câmaras de Comércio e Indústria, mas as empresas da nossa região teriam que pedir a emissão desses certificados no Porto ou em Lisboa. É algo que já não fazia sentido. Somos uma região com várias empresas na área da indústria e esta proximidade é sem dúvida uma mais-valia. Têm agora um parceiro que as pode ajudar na internacionalização.

P - Na região Norte, com excepção do Porto, a AEB é a única Câmara de Comércio e Indústria?
R - Foram reconhecidas três Câmara de Comércio recentemente: Braga, Viana do Castelo e Leiria. Braga com a particularidade de a nossa área de abrangência passar a ser o Cávado e o Ave. Ou seja, ficamos com uma área de abrangência ainda maior do que tínhamos.

P- Isso obrigou a uma restruturação da AEB, no sentido de dar cobertura a este trabalho que é exigido em termos de Câmara de Comércio e Indústria?
R - Sim. Tudo isto requer alguma formação, requer outro tipo de serviços. Estamos neste momento a prepararmo-nos, a formar os nossos colaboradores para prestarem este tipo de apoio à exportação das empresas. Estamos neste momento a negociar com a Câmara Internacional do Comércio, onde vamos ser afiliados, e isso vai-nos permitir estar num grupo que engloba cerca de 45 milhões de empresas em cerca de 100 países. Isto trará mais benefícios aos nossos empresários, permitindo que criem parcerias com estas empresas.

P- Alargar para o Ave e passar a abranger uma região que é também muito exportadora é de facto um crescimento muito grande por parte da AEB. Isto pode ferir susceptibilidades?
R - Nós não queremos de modo algum pisar os terrenos dos nossos parceiros de outras associações. Nós não vamos fazer o serviço das associações nessas regiões, Vamos unicamente prestar o apoio como Câmara de Comércio e Indústria. As associações vão ser nossos parceiros.