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Estabilidade é a meta do Ases St.ª Eufémia
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Estabilidade é a meta do Ases St.ª Eufémia

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Estabilidade é a meta do Ases St.ª Eufémia

Desporto

2020-01-20 às 06h00

Ricardo Anselmo Ricardo Anselmo

Fundado em 1978, o Ases St.ª Eufémia, fruto da sua ‘juventude’ e tardia associação ao futebol distrital ainda não contempla grandes troféus na sua vitrina, mas construiu a sua história com orgulho e o crescimento é notável. Consistência é o futuro.

Citação

Fundado no dia 13 de Janeiro de 1978, o Ases de Santa Eufémia é o emblema representativo da freguesia de Santa Eufémia de Prazins, em Guimarães e encontra-se neste momento a competir na série C do campeonato da I Divisão da AF Braga. Nas celebrações do 42.º aniversário, o clube realizou a tradicional visita ao cemitério, para homenagear os sócios do clube já falecidos, momento que sucedeu ao habitual convívio na sede.

Foram ainda hasteadas as bandeiras do clube e o ponto alto aconteceu no jantar de aniversário, que contou com a presença de algumas entidades ligadas ao desporto, não só da freguesia, como do concelho de Guimarães e até do distrito de Braga, como são os casos da Câmara Municipal de Guimarães, o Vitória SC, elementos da presidência da AF Braga, patrocinadores do clube e IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude).
Carlos Neves, de 32 anos, é actualmente o presidente do clube, eleito em Setembro do ano passado para um mandato de apenas um ano, que será certamente renovável daqui por sensivelmente oito meses.

Chegou ao clube há cerca de sete anos, na altura para colaborar na sede, sendo posteriormente convidado a integrar as equipas directivas do Ases. Foi um dos dinamizadores do sector da formação do clube e, actualmente, depois da descida no escalão sénior na última época, o grande objectivo de mandato para a formação principal passa por uma reestruturação a nível de plantel, que já foi feita no início de 2019/20, de forma a conseguir criar bases no seio da equipa, ganhando a consistência necessária para que, quando a subida for um objectivo real e conseguido, o Ases se consiga manter por muitos e bons anos na Divisão de Honra, almejando posteriormente outros voos.
No plano das infra-estruturas, há projectos pensados para alguns melhoramentos, tendo em vista uma adaptação às exigências do futebol de formação.

“Temos qualidade mas falta sustentar a equipa sénior”

Líder do clube reconhece que um ano de mandato é curto para colocar em prática todos os objectivos que tem pensados, não só a nível desportivo como também do ponto de vista das condições e das infra-estruturas ao dispor das equipas.

Correio do Minho (CM) - Quando iniciou o mandato como presidente?
Carlos Neves (CN) - Iniciei em Setembro de 2019, um mandato de um ano… renovável no final. Os mandatos eram de três anos mas na última Assembleia-Geral do clube houve uma alteração dos estatutos e os mandatos passaram a ser de apenas um ano. No final de cada mandato há uma avaliação por parte dos sócios.

CM - Pensa, naturalmente, em recandidatar-se...
CN - Somos um grupo com gente nova, com pais de jogadores, outros elementos que eram treinadores e alguns que estão aqui pela primeira vez. Eu já estou no clube há algum tempo, mas a ideia parte um pouco por aí, porque um ano acaba por ser muito curto para se desenvolver qualquer projecto. Eu como já estava no clube acompanhei de perto o trabalho dos últimos dois presidentes, mas quando se assume o lugar é sempre um trabalho mais ambicioso porque temos mais poder de decisão.

CM - Que objectivos delineou para este primeiro ano de mandato?
CN - Traçamos objectivos em três perspectivas: a primeira seria a equipa sénior, que desceu este ano desde da Divisão de Honra para a I Divisão. A ideia passou por reestruturar-se um pouco a equipa e este ano tentarmos o melhor lugar possível. A subida de divisão será difícil pelas alterações que fizemos, temos qualidade mas falta criar um grupo e sustentar o projecto sénior, para que, quando subirmos, nos estabilizemos nessa divisão e não desçamos novamente. Neste momento não conseguimos pagar valores altos por jogadores e a identidade do nosso clube neste momento nem passa por aí, mas sim em criar uma equipa com valores, jovem, ambiciosa, sustentável e que jogue junta durante dois ou três anos; a nível da formação, na época passada conseguimos fazer subir duas equipas no futebol de onze e a nossa ideia passa por mantê-las na I Divisão. A nível de treinadores optamos um pouco por trabalhar na formação deles e conseguimos ter os treinadores todos com o nível I, o que é muito importante. Tentámos muito segurar os nossos treinadores durante muitos anos para que haja um trabalho de continuidade. Por exemplo, nos seniores, o técnico deste ano era o dos juniores do ano passado; a nível da formação e mais concretamente do futebol de nove, de sete e de cinco estamos a tentar crescer, porque essa é a nossa base e se trabalharmos bem aí os escalões de cima estão salvaguardados. Aí trabalhamos no sentido de termos boas equipas técnicas porque é nessas idades em que tudo se aprende. Cada vez conseguimos ter equipas mais sólidas. Este ano, por exemplo, temos uma equipa de iniciados em que subimos de divisão e estamos no 3.º lugar. Temos também os juvenis, que foram campeões na época passada e estão agora em 2.º. É um bocado isso que estamos a tentar reproduzir neste ano em todas as equipas; depois, a nível das instalações, já temos um sintético, no ano passado tivemos a iluminação artificial, este ano queremos fazer uma melhoria nos balneários, de forma a termos o nosso recinto desportivo com todas as condições. Já são muitas equipas e atletas que passam por lá todos os dias e precisamos de ter um espaço de qualidade, prático e funcional.

CM - O projecto de melhoramento do recinto desportivo já está em marcha?
CN - Sim, já temos orçamento para as obras nos balneários, inclusive já fizemos a candidatura na Câmara Municipal de Guimarães para sabermos com quanto é que podem financiar estas obras. Depois, com base nesse valor - que deverá ser conhecido agora em Janeiro - e com mais uma ajuda de uma ou outra entidade, vamos ver o montante que temos e perceber que tipo de construção poderemos fazer. Já temos uma ideia daquilo que queremos mas temos de aguardar.

CM - Como é que surge a sua ligação ao clube?
CN - Quando era jovem íamos sempre ver os seniores. Houve um ano em que cheguei a treinar com uma equipa de iniciados… Mas havia sempre aquela rotina de ir à catequese no sábado à tarde e depois íamos ver os jogos, que eram num monte, sem bancadas… Nunca tive uma ligação a cem por cento aos Ases. Mais tarde houve um ano em que me convidaram para trabalhar no bar do clube, na sede… Entrei e gostei do ambiente e depois fui convidado pela Direcção que ia tomar posse para fazer parte da equipa. Então comecei a conhecer melhor o clube por dentro. Isto foi em 2012 ou 2013 e nessa altura não havia equipas da formação. Nesse ano só havia equipa sénior. Eu via os projectos de formação de outros clubes e fiz alguns contactos para perceber como poderia criar uma equipa. Criei alguns cartazes e conseguirmos formar uma equipa no escalão de traquinas. Nesse ano participamos na Liga Mini. Ganhámos gosto e alegria, nossa e dos pais, contagiou-nos. A partir daí fomos criando benjamins, iniciados e, mais tarde, com o sintético, apareceram também os petizes. Depois vieram os juvenis e juniores e estamos há três anos com todos os escalões da formação.

CM - Quais os momentos que considera como os mais marcantes da história do clube?
CN - Lembro-me de um torneio que ganharam em França… O Ases começou como sendo um clube de atletismo, depois enveredou pelo futebol, mas só participava em torneios, mais tarde entrou no futebol popular de Guimarães e conseguiu ser campeão num ano. Na altura foi uma alegria enorme. Entretanto entrámos para a AF Braga, um campeonato com mais qualidade, maior rigor e decidiram nessa altura que tinham todas as condições para federar a equipa sénior. Aí os momentos altos foram as subidas de divisão. Na altura ainda existia a II Divisão distrital e conseguiram subir para a I Divisão e também para a Honra. Na última subida, em 2017, eu já estava na Direcção, que era liderada pelo Fernando Pereira. Nos anos em que subimos foi sempre através do 2.º lugar, nunca conseguimos ser campeões e ficou uma pequena mágoa por causa disso. Desde que assumi a presidência, a minha maior alegria foi na época passada, quando a equipa de iniciados foi campeã distrital. Foi uma manhã marcante no nosso campo, em que jogos contra o Vitória SC, que apareceu com alguns jogadores de segundo ano. Nós estávamos na II Divisão, o Vitória SC tinha jogadores de primeira e ficamos um pouco assustados, mas conseguimos empatar o jogo e terminar na frente do campeonato. Foram dias e semanas de alegria. Percebemos aí que o nosso projecto estava a dar cartas.

CM - Em que condições encontrou o clube financeiramente?
CN - No primeiro ano em que estive nas direcções fui presidente da mesa da Assembleia Geral, depois, com os dois últimos presidentes assumi o cargo de secretário. Sempre tive um acompanhamento muito próximo das contas. Este é um clube que honra muito os seus compromissos. Está estável financeiramente. De ano para ano tem um saldo que lhe permite inscrever todas as equipas e estar descansado. Temos de trabalhar sempre para que esse saldo seja sempre positivo e apreciável. Nisso acho que somos um exemplo.

CM - A nível desportivo, o objectivo passa por regressar a curto-prazo à Divisão de Honra?
CN - Começámos muito mal a época. Não é que estivéssemos a jogar mal, mas foi uma equipa que sofreu muitas mudanças, que é jovem… Neste momento estamos a melhorar. Não estamos numa posição que impeça de sonhar com a subida mas o grande objectivo é terminar o mais acima possível, para dar a maior sustentabilidade possível ao balneário para que no próximo ano possamos pensar na subida com mais seriedade. Sei que isto é futebol e muitas vezes existem coisas que não controlámos mas há sempre algo que possamos fazer para que tenhamos capacidade para nos mantermos durante vários anos num patamar superior. Temos um grupo com qualidade mas às vezes também é importante mudar mentalidades. Temos de criar uma mentalidade ganhadora e este ano está a ser muito bom nesse aspecto.

CM - Na formação, a vossa política passa por criar as condições necessárias para que os jogadores subam todos os degraus para, no futuro, integrarem a equipa principal? Ou seja, aproveitar a ‘prata da casa’?
CN - Sim, isso é o projecto de futuro. Não podemos ter escalões com 25 ou 26 jogadores, a jogar na I divisão e depois chegarmos à parte dos seniores e descartar tudo e não os considerar. Não podemos fazer isso. Não é ético nem faz sentido. Estamos a formar um jogador durante oito ou nove anos para depois chegar àequipa sénior e estar preparado. Antigamente havia muito a questão do bairrismo, com jogadores da terra, mas hoje isso não é fácil. Santa Eufémia é uma freguesia com poucas pessoas e poucas crianças. Um atleta que esteja no Ases há cinco ou seis anos já está identificado com a nossa cultura. A nossa base vai ser essa. Para criar uma política vencedora e uma mentalidade forte, isso parte muito da forma como trabalhamos na formação. Sempre quis unir a formação e os seniores. É complicado mudar isto de forma tão rápida, mas no ano passado já subimos seis juniores à equipa sénior e é complicado integrarem um plantel que tem qualidade. Mas estão a trabalhar e se nós não os aproveitássemos, provavelmente iriam acabar para o futebol, porque ninguém vem ao Ases buscar um jogador que estava a disputar a II Divisão de juniores.

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