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Francisco Mota: "Tenho condições para ser vereador"
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Francisco Mota: "Tenho condições para ser vereador"

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Francisco Mota: ´Tenho condições para ser vereador´

Entrevistas

2021-02-27 às 06h00

José Paulo Silva José Paulo Silva

Francisco Mota, de saída da liderança da Juventude Popular, justifica o abaixo-assinado posto a circular reclamando a sua inclusão em lugar elegível na lista da coligação ‘Juntos por Braga’ às próximas eleições autárquicas. A iniciativa foi considerada “ridícula” pelo presidente da comissão política concelhia e também vereador, Altino Bessa, mas o seu ex-adjunto entende que a crítica foi dita num momento de maior “pressão” ou “histeria”. Ao Correio do Minho e à rádio Antena Minho, Francisco Mota garante que tem o apoio do presidente do CDS e da “sociedade civil”.

Citação

P - Viu-se envolvido numa polémica a propósito de uma petição que sugere o seu nome para lugar elegível na futura lista da coligação ‘Juntos por Braga’ nas próximas eleições autárquicas. Foi iniciativa sua?
R - Há cerca de um ano, quando assumi a liderança da Juventude Popular (JP), uma das questões que me colocaram foi sobre a minha posição no projecto político da coligação ‘Juntos por Braga’, face aos lugares a ocupar pelo CDS. Estávamos à porta do congresso do partido e uma das razões para eu ser excluído de adjunto na Câmara Municipal de Braga foi ter apoiado um candidato diferente do que apoiou o vereador Altino Bessa. No rescaldo desse congresso, após Francisco Rodrigues dos Santos ter ganho a liderança do partido, eu disse, nestes microfones da Antena Minho, que os meus candidatos do CDS para vereadores no último mandato de Ricardo Rio como presidente da Câmara Municipal de Braga eram Altino Bessa e Lídia Dias. Na minha opinião, estes dois dirigentes do CDS deveriam continuar a exercer as funções e estarem dedicados ao projecto da coligação ‘Juntos por Braga’. Neste momento, o que alguns estão a tentar fazer crer é que há um assalto ao poder, um assalto aos lugares do CDS, o que não é verdade.

P - Foi o terceiro candidato indicado pelo CDS nas eleições de 2013 e 2017. Reafirma o apoio a Altino Bessa e Lídia Dias nas duas primeiras posições?
R - Sempre foi assim.

P - Como é que explica a recolha de apoios a seu favor?
R - A vereadora Lídia Dias fez saber, a mim e a outros dirigentes e autarcas, que não estava disponível para continuar nas listas do partido por questões profissionais.

P -?Podemos deduzir que o relacionamento político dela com Altino Bessa não será o melhor...
R - Lídia Dias, para além de vereadora, é membro executiva da comissão política nacional do CDS e nunca se demitiu das suas funções. É uma democrata cristã de referência no seio autárquico. Tenho muito orgulho no seu trabalho.
As pessoas não estão disponíveis para estas tricas internas dentro dos partidos políticos. O que os portugueses e, concretamente, os bracarenses precisam é de respostas concretas para os seus problemas do dia-a-dia. A população está a braços com uma crise pandémica e com aquilo que será um crise económica, e veremos se não se ir tornar numa crise soberana, obrigando Portugal a recorrer novamente à ajuda externa.

P - Mas convirá esclarecer a questão da petição.
R - Eu fui interpelado por autarcas, dirigentes do partido, pessoas da sociedade civil, empresários, que após esta notícia ( n.r. indisponibilidade de Lídia Dias), rodar nos corredores do poder, desafiaram- -me, dizendo que eu é que deveria assumir a candidatura do CDS, substituindo a vereadora Lídia Dias. Mobilizou-se um grupo de pessoas para a recolha de assinaturas de apoio à minha candidatura.?Sei da recolha destas assinaturas desde a primeira hora, porque as pessoas vieram ter comigo. Há o reconhecimento do meu trabalho ao longo de mais de14 anos no concelho. Eu sou de Braga e fiz sempre política em Braga. Eu não quero ser um dirigente político ou um autarca imposto por Lisboa. Sinto que tenho um reconhecimento na rua, dos autarcas, das associações.

P -?Mas esta iniciativa não pode ser vista com uma pressão sobre os órgãos locais do partido?
R - Fui candidato a deputado municipal nas eleições autárquicas de 2009, ainda nem Lídia Dias nem Altino Bessa faziam parte das listas a qualquer órgão autárquico. Em 2013 e 2017 fui candidato a vereador. Desempenhei o cargo de adjunto da vereação e estive sempre ao lado de Ricardo Rio.?Face a estas circunstâncias, os bracarenses perguntariam porque é que Francisco Mota não apoiaria Ricardo Rio em 2021 e não poderia ir nas listas de ‘Juntos por Braga’? Sendo Lídia Dias a número dois e eu o número três do CDS, penso que haverá vontade da sociedade para que isso aconteça. Sempre disse às pessoas que a recolha de assinaturas não é contra ninguém, é um sinal claro que se quer dar de serviço à cidade.

P - Altino Bessa considerou essa recolha de assinaturas ‘ridícula’. Neste quadro de relacionamento, não será difícil compreender que Altino Bessa seja o número um do CDS e o Francisco Mota o número dois?
R - Quero acreditar que essa expressão foi dita num momento de maior pressão. Até porque é estranha. Em 2015, o vereador Altino Bessa também recolheu assinaturas - eu fui um dos patrocinadores - para ser candidato a deputado. Não se compreende que agora seja ridículo. O nosso regulamento autárquico dá indicação para uma confirmação dos candidatos pela comissão política nacional em concelhos com mais de 180 mil habitantes. Em 2017, eu e mais dirigentes de Braga fomos fazer pressão junto de Assunção Cristas para que Altino Bessa e Lídia Dias fossem recandidatos à Câmara Municipal. O tempo passa mas a coerência convém mantê-la. Revejo-me no trabalho dos nossos vereadores e em particular de Altino Bessa. Trabalhei com Altino Bessa nos últimos seis anos, reconheço-lhe esse mérito e determinação, mas no dia em que entrar na Câmara Municipal os meus problemas pessoais ficam cá fora.

P - Caso o seu nome não seja indicado pela ‘concelhia’ de Braga, acha que tem condições para reivindicar o lugar de número dois do CDS na lista da coligação ‘Juntos por Braga’?
R - Acho que as pessoas têm noção do que está a acontecer em Braga neste momento, tanto os dirigentes locais, distritais e nacionais. Há uma vontade massiva da sociedade civil de perceber que este é o momento para o CDS renovar os seus quadros e a sua representação na gestão municipal. Sempre fui uma voz activa e uma ponte dialogante com os presidentes de Junta de Freguesia, independentemente dos partidos políticos. Conheço o meu concelho muito bem. Vim do povo e represento o povo. Sempre disse que a ambição não pode ser recriminada e que sempre quis servir a minha terra ao mais alto nível. Tenho as condições para concretizar o sonho de chegar a vereador. Nunca o escondi. A minha grande paixão é Braga.

P -?Não pondo em causa a sua ambição, se os órgãos locais do CDS não o quiserem...
R -?Um partido não é um presidente, não é uma direcção, não é uma sede. Nas últimas eleições para delegados ao congresso nacional houve uma divisão 50/50. O vereador Altino Bessa foi a eleições internas sozinho e teve oportunidade de unir o partido. Estou aqui a dar um sinal claro de que sou um instrumento que o partido e a cidade podem utilizar. Uma coisa é certa: eu não vou patrocinar a fragilização do CDS, porque isso significa menos esperança e mais estagnação para os bracarenses.

P - E se não for escolhido?
R - Ninguém é unânime. Fui candidato com Ricardo Rio em 2009, 2013 e 2017. Numa tomada de posse da JP, em 2014, na freguesia de Cunha, ele disse que se era presidente de Câmara muito o devia à JP. Foi notícia. Em 2016, num Conselho Nacional da JP em Braga, o presidente da Câmara, de uma forma aberta, disse: “A JP é a minha casa”. Esta relação institucional entre o presidente da Câmara e o Francisco Mota, que muitos procuram fragilizar, argumentando que é uma das razões para que eu não possa ser candidato é estranha e nenhum bracarense a compra. Dentro da organização interna do CDS, para além da concelhia, vai ter de se ouvir a distrital e a comissão política nacional.

P - Está a dizer que se houver um chumbo do seu nome nos órgãos concelhios, a situação pode ser revertida?
R - Não é um chumbo. Como disse, há quatro anos a ‘concelhia’ não queria Altino Bessa e Lídia Dias. Acha que foi um erro? Eu não acho. Fizeram um trabalho extraordinário. Neste momento há uma vontade do presidente do partido para que eu seja candidato, há uma vontade explícita de autarcas e da sociedade civil para que eu seja vereador e vai havendo um desconforto pessoal, que não é político, de quem não consegue dividir as duas águas. Comigo não contarão para dividir. Quero acreditar que foram momentos de uma maior histeria que levaram a certas afirmações.

P - O facto de a vereadora Lídia Dias não se recandidatar e a circunstância de o CDS, em termos nacionais, não estar a passar por um bom momento, não fragiliza o partido na renovação da coligação ‘Juntos por Braga’?
R - Não fragiliza absolutamente nada. As circunstâncias nacionais nunca fragilizaram as questões locais. Ninguém coloca em causa o trabalho extraordinário que o CDS, e particularmente a JP, tem no território. O PSD, nosso parceiro de coligação, tem certamente consciência disso.

P - O CDS deve manter o peso relativo na coligação ‘Juntos por Braga’?
R - O acordo autárquico, na minha opinião, está muito bem estabelecido, trouxe ganhos muito grandes para o concelho. Não haverá dúvidas sobre isso.

P - Dentro de dias, haverá um Congresso da JP, que chegou a ser anunciado para Novembro do ano passado. O congresso vai ser online. Não é muito adepto deste formato para iniciativas políticas. O facto de não ter podido realizar o congresso em Braga foi também uma desilusão para si?
R - Eu nunca fui adepto das soluções digitais porque a política não está suspensa.

P -?Mas esteve contra a realização da Festa do Avante.
R - A Festa do Avante não era simplesmente uma actividade política. O que foi inaceitável é que, numa altura em que o Estado proibia as actividades culturais, os festivais de Verão, as romarias seculares, fosse permitido a uns o que não foi permitido a outros. Actividade política sim. Fomos a primeira organização política a desonfinar.

P - Por que é que deve haver essa excepcionalidade da actividade política numa situação destas?
R - Não é excepcionalidade política. É verdade que os políticos não devem dar sinais contraditórios. Em Novembro, os casos de covid-19 estavam a crescer extraordinariamente e daí suspendermos o nosso Congresso. Face às circunstâncias actuais, a JP arrisca-se a fazer um congresso online com menos casos de infecção de quando fizemos a nossa escola de quadros em Setembro.

P -?Então, porque é que não conseguiu impôr a ideia do congresso presencial?
R - O presidente da JP não impõe nada. Há uma comissão organizadora e eu temnho de respeitar a vontade da maioria. Assumi a liderança da JP e logo a seguir temos uma crise pandémica. Sempre afirmei que este momento difícil exige humildade e transparência por parte das entidades públicas. Nesse sentido, era patriótico que a oposição fizesse o seu trabalho de acompanhar, fiscalizar e questionar e o Governo o de responder à dinâmica evolutiva de uma situação que ninguém conhecia.

P - Mas o Francisco Mota, ao longo destes meses, nunca teve uma atitude muito colaborativa com o Governo.
R - Bem pelo contrário. Logo no início apresentámos um conjunto de medidas que nos pareciam fundamentais, desde lologo a coordenação do Serviço Nacional de Saúde com o sector privado para garantir que ninguém ficaria para trás. Só no último ano ficaram para trás 200 milhões de consultas.

P -?Mas isso não seria inevitável?
R - As circunstâncias são difíceis, mas havendo capacidade de resposta, isso podia não ter acontecido. Um Governo que não dialoga com o sector privado por questões ideológicas é um Governo que está a prestar um mau serviço. O sector privado tem capacidade para dar resposta aos doentes não covid. Morreram em Portugal milhares de pessoas, idosos abandonados por falta de resposta.
Propus desde a primeira hora que as Forças Armadas, pela sua capacidade logística e por ter recursos humanos e técnicos, deveriam estar na liderança do combate à pandemia. Foram necessários erros após erros e entrar na trapalhada da vacinação com falta de planeamento e negociatas para colocarmos as Forças Armadas na liderança deste processo.
É inaceitável, passado mais de um ano, que façamos a gestão da pandemia de vaga em vaga. A questão que os portugueses nunca colocam em cima da mesa é a razão pela qual chegámos aos números da pandemia. Eu apanhei a covid-19. Estão a contactar as pessoas seis dias depois de estarem infectadas, quando se sabe que há duas ferramentas fundamentais para combater a pandemia: os testes e o controlo das cadeias de transmissão. Continuam a ser médicos e enfermeiros a fazer esses questionários, quando poderia ser eu ou qualquer administrativo público a fazê-lo.
Foi-nos prometido que nas escolas haveria testagem massiva e esses testes não existem. Foi-nos prometido que, caso houvesse necessidade de confinar, não haveria problemas e que, em Setembro, todos os alunos teriam um computador para garantir equidade na educação.
Estas não questões políticas, são questões de competência, mas este Governo não foi constituído para gerir um país mas para agradar à geringonça e à extrema esquerda. Por isso é que tem um peso ideológico tremendo.

P - Já falou muito da política autárquicas, mas tem ambições políticas em termos nacionais?
R - Não podemos viver resignados e temos de fazer das dificuldades oportunidades para crescer. No último Conselho Nacional do CDS percebeu-se que nós temos uma oportunidade de crescimento. Temos a missão de ser a verdadeira voz da direita popular e social.

P - Aparentemente, não é isso que está a acontecer.
R - O CDS precisa de paz interna. Daqui em diante o CDS tem tudo para poder conduzir uma nova esperança. Quanto ao meu futuro, sou dirigente nacional do meu partido, tenho procurado dar o meu contributo permanente e serei, de uma forma livre e desprendida, um elemento ao serviço do meu partido e do meu país. O foco maior será na minha cidade.?Espero dar o meu contributo para uma vitória nas eleições autárquicas de Outubro próximo.

P - Está mais entusiasmado com a política local, apesar de tudo?
R - Nunca o escondi: a minha paixão é Braga.

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