Dezenas de utentes da CP foram surpreendidos ontem pela greve de comboios. Ao chegarem à estação deparavam-se com as bilheteiras encerradas e no placard informativo eram já várias as ligações ferroviárias suprimidas desde manhã cedo.
Os bilhetes apenas podiam ser adquiridos nas máquinas automáticas, que não tinham qualquer indicação sobre a greve. Apenas um papel afixado nas bilheteiras dava conta da greve, que se prolonga até ao próximo dia 14.
Na zona de embarque, os placards electrónicos também alertavam para as perturbações da greve.
A situação criou constrangimentos aos utentes.
“Cheguei à estação para viajar para Lisboa e não sabia desta greve. Venho de Trás-os-Montes e agora não sei como vou fazer, vou ver se consigo ir de camioneta”, disse Joaquim Maia.
O utente da CP queixou-se das greves nos caminhos de ferro. “Esta greve é injusta. São sempre os mesmos a fazer greve. Eu moro em França e lá é igual. Eles não fazem nada e andam sempre com greves, cá e lá”, disse o emigrante.
Um jovem de nacionalidade brasileira só se apercebeu da greve depois de ter adquirido o bilhere com destino a Aveiro nas máquinas.
“Não sabia da greve, vim directo à máquina comprar o bilhete e só depois é que me falaram da greve. Agora não sei como vou fazer para viajar para Aveiro. Uma senhora de nacionalidade estrangeira viu-se obrigada a recorrer ao autocarro para se dirigir a Mazagão.
“Eu quero ir para Mazagão e pretendia ir de comboio, como sempre faço. Agora vou ter de andar um pouco a pé e ir de autocarro. Não tinha qualquer informação sobre esta greve dos comboios”, disse a passageira.
A greve foi convocada por cerca de 15 sindicatos do sector ferroviário e ontem teve uma adesão próxima dos 100 por cento a nível nacional. A esta greve junta-se a paralisação convocada pelo Sindicato dos Maquinistas e, entre 7 e 14 de Maio, a convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante. Na origem da greve estão os aumentos salariais e a contratação de mais pessoal por parte da empresa.