“Jogar na Mata real é uma das saídas mais difíceis do nosso campeonato”
2020-03-23 às 06h00
Professores e alunos já sentem a falta uns dos outros, sobretudo para garantir sucesso na aprendizagem, mas há muitas dúvidas na avaliação a fazer. Todos dizem ser necessário manter estudo.
A forma como os alunos devem ser avaliados neste segundo período, que pode valer como ‘terceiro’ período escolar ou não, está a dividir também as opiniões dos professores, que exigem directivas específicas e atempadas por parte do Ministério da Educação.
“Eu não concordo que as notas de avaliação do 2.º período sejam as mesmas a atribuir no 3.º período porque muitos até reprovarão neste 2.º período e a estratégia é que no 3.º possam recuperar”, assinalou Raquel Dias, indicando que a sua maior preocupação, neste momento, é mais com o ensino secundário e que podem ficar prejudicados depois na nota de acesso ao Ensino Superior. “Não faz sentido darmos notas agora e depois disso decidir se há ou não 3.º período. Isso não faz qualquer sentido!”, advertiu.
A professora de Inglês Fernanda Soares, que lecciona na EB 2,3 Francisco Sanches, entende que os alunos “não devem ser prejudicados na avaliação”. Referindo que, para si, “a avaliação não está em causa” porque os alunos com ‘insuficiente’ serão passados com ‘suficiente’, a docente considera que o ano não estará em causa por causa desta situação motivada pela Covid-19.
“Acredito que o 3.º período possa ser leccionado à distância, mas é preciso acautelar que as oportunidades são iguais para todos. Nós, professores, na Francisco Sanches, por exemplo, já estamos a trabalhar numa plataforma escolar nesse sentido”, avançou a professora de Inglês.
Ao ‘Correio do Minho’, os professores querem que se efective um 3.º período, considerando que “os alunos têm que manter as suas rotinas e a actividade académica de alguma forma, pois não vão estar os próximos meses de férias”. Dizem, todavia, que esse cenário exige também muito dos pais e encarregados de educação em termos de apoio, mas que nem todos podem também dar e é a estas necessidades, já sinalizadas, que é preciso dar resposta.
Também os centros de estudo se estão neste momento a reinventar, tal como explica Sónia Sousa, directora do Centro de Estudos ‘Mundo do Saber’, com espaços abertos em Gualtar e em Ferreiros. “De forma a ajudar os alunos numa época tão diferente e difícil para todos criámos aulas/explicações/apoio ao estudo virtuais, através da plataforma ‘Zoom’, bastante simples de utilizar”, apontou. “Há alunos que têm recebido bastantes trabalhos da escola e, nesses casos, pedimos que nos enviem para o email para correcção”, disse, apontando para um “aumento da procura” deste apoio extra.
FAP pede ao Ministério da Educação “orientações definitivas” para ano lectivo
A Federação das Associações de Pais de Braga (FAP Braga) defende que, caso o ‘estado de emergência’ continue em Portugal, é preciso manter as rotinas escolares dos alunos e que, por isso, o governo deve assegurar o 3.º período, mesmo à distância. Carla Silva, responsável pela FAP Braga, disse ao ‘Correio do Minho’ que “há várias falhas” detectadas nesta tentativa de ensino à distância para concluir este 2.º período, advertindo que os processos já deveriam ter sido agilizados mais cedo.
Por outro lado, diz que é preciso que o Ministério da Educação dê as orientações correctas e definitivas sobre a avaliação deste ano lectivo e não estar à espera que saiam primeiro as avaliações deste 2.º período para depois dizer como vai decorrer o 3.º período. “Seja como for, é preciso também que seja assegurado o ensino à distância aos alunos que não tenham computador e Internet”, registando que no caso de Braga há professores que têm mantido este contacto com alunos e outros não.
Alunos com “saudades” da escola tentam ter rotinas
Mais ou menos acompanhados pelos pais e encarregados de educação, os alunos que dispuseram dos meios tecnológicos necessários têm conseguido responde, também mais ou menos bem, às solicitações dos professores na continuidade da avaliação deste 2.º período, embora os professores se queixem que o feedback poderia ser melhor.
Rodrigo Moço e Afonso Faria são colegas do 8.º ano na EB 2,3 de Gualtar e confessam ter ‘saudades’ do “dia-a-dia da escola e do convívio social”, mas garantem manter as rotinas. “No meu caso tenho tentado manter as rotinas escolares através dos trabalhos que os professores enviam, mas temo que haja muitos alunos que não tenham acesso e possam cumprir essas tarefas”, indicou Afonso Faria. O aluno compreende o ‘ensino à distância’, mas defende igualdade para todos. Rodrigo diz sentir “a falta” dos professores e colegas, mas já que é preciso estar em casa temos que ter rotinas e fazer os trabalhos que os professores mandam”, indicou Rodrigo, confessando que é importante “manter o cérebro activo”.
“Importa finalizar o 2.º período”
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, voltou, ontem, a afirmar publicamente que “quem vai decidir a forma como as coisas vão correr na escola são as autoridades de saúde” e que o governo só reavaliará de novo a situação no próximo dia 9 de Abril. Deixando uma palavra de apreço a toda a comunidade educativa portuguesa pelos seus esforços em “minimizar” o impacto da pandemia provocada pelo coronavírus no actual ano lectivo, o ministro da Educação assinalou que nesta fase há muitas escolas a arrancar com o seu projecto de ensino/aprendizagem não presencial e que o importante é agora “finalizar o 2.º período” e “não deixar ninguém para trás”. A sugestão do governo às escolas para que recorram aos CTT para entregar fichas e trabalhos de casa aos alunos sem acesso às aulas à distância.
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