O Presidente da Assembleia da República afirmou ontem, em Braga, que deve ser incentivado “tudo o que possa contribuir para o exercício da democracia, para cultivar o direito à diferença, o respeito pela diferença e a vivência em comunidade mais forte”. José Pedro Aguiar-Branco falava na Escola Básica de Figueiredo, onde apadrinhou a na apresentação do jogo de tabuleiro ‘Constituição’.
O jogo destina-se a crianças a partir dos oito anos e tem como objectivos reforçar a literacia democrática, educar para a participação cívica e celebrar os valores da Constituição da República Portuguesa. ‘Constituição’ foi criado no âmbito do Projecto Civitas, financiado pelo Active Citizens Fund, através da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Bissaya Barreto, com consultoria científica da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco e o acompanhamento da Assembleia da República.
“É uma realidade que o mundo tem sofrido ameaças à liberdade e à democracia e por isso compete-nos a nós trabalhar para que aqui, em Portugal, não haja nenhum desenvolvimento desse risco”, alertou Aguiar-Branco.
“Trabalhar com estas crianças significa investir num futuro melhor, nomeadamente para a qualidade democrática do nosso país”, acrescentou a 2.ª figura do Estado Português, que nesta visita privilegiou o contacto directo com os alunos, a quem alertou para que “a democracia dá muito trabalho, é frágil e tem de ser construída dia-a-dia”.
Aguiar-Branco lembrou mesmo as palavras do Presidente da República, quando este afirmou que a democracia pode ter muitos defeitos, mas uma má democracia será sempre melhor do que a melhor ditadura.
Aguiar-Branco destacou ainda que num mundo cada vez tecnológico e de ecrãs, este jogo tem o mérito de ser jogado presencialmente, cara a cara.
Já Ricardo Rio realçou que o Município de Braga foi dos primeiros a responder - “e fê-lo entusiasticamente”- ao desafio lançado pela Associação Beira Serra. Nesta primeira fase, são 160 os jogos que vão ser distribuídos pelos estabelecimentos de ensino do 1.º ciclo.
Rio referiu que são perto de oito mil os alunos que frequentam o 1.ºciclo no ensino público e privado do concelho, onde se regista uma “realidade multicultural assinalável”.
“A cidadania deve ser incentivada desde cedo como uma ferramenta de integração e de construção de valores essenciais”, defendeu o edil, avançando que está já ser estudada a possibilidade de fazer este jogo chegar a outros públicos.
Célia Simões, directora do Agrupamento de Celeirós, agradeceu a escolha da Escola de Figueiredo para lançar este jogo. “Trabalhar a democracia nos tempos que correm é ainda mais relevante”, afirmou a docente, lembrando que o 25 de Abril já aconteceu há 50 anos e que as novas gerações “talvez não estejam a dar o devido valor ao que merece a atenção e o cuidado de todos”. Célia Simões sugeriu que a distribuição do jogo seja alargada ao 2.º ciclo, pois considera que também os alunos do 5.º e 6.º poderão enriquecer com este recurso. “Além de que depois também levam a mensagem para os pais”, salientou.