A Eurorregião Galicia – Norte de Portugal ganha peso na Europa em publicações científicas
2010-03-01 às 11h50
Um dos locais mais flagelados pela intempérie na Madeira, a Vereda do Trapiche, nos socalcos das serras madeirenses, transformou-se esta semana num modelo de solidariedade entre vizinhos e familiares graças ao seu espírito comunitário.
Um dos locais mais flagelados pela intempérie na Madeira, a Vereda do Trapiche, nos socalcos das serras madeirenses, transformou-se esta semana num modelo de solidariedade entre vizinhos e familiares graças ao seu espírito comunitário.
A rua íngreme, na qual morreram cinco das dez vítimas mortais daquela zona, é hoje um verdadeiro estaleiro onde grupos organizados de populares trabalham, ao lado dos técnicos da câmara, na reconstrução de tudo o que ficou submerso por um verdadeiro mar de lama movediça.
Mal a borrasca passou, os mais expeditos organizaram núcleos de vizinhos que criaram uma escala de inter-ajuda que começou pelas casas mais acessíveis, as do cimo da vereda.
Desde o início da semana que os grupos têm vindo a descer casa a casa e hoje estão na de Márcio Nascimento, ele próprio um voluntário desde os primeiros dias de trabalho e que só agora vê chegada a sua hora.
Márcio, que partilha a casa com duas irmãs e com os pais, atira incansável para fora de casa pazadas consecutivas de lama grossa, recolhida por uma pequena escavadora das autoridades públicas.
Na zona traseira da casa, uns metros abaixo nos socalcos da montanha, vizinhos descarregam carrinhos de mão carregados de terra através de grandes buracos feitos nas paredes pela força da enxurrada.
Na rua ninguém tinha seguros, pelo que cada família terá de suportar os danos provocados pelo mau tempo, mas apesar de ainda não ter chegado ajuda das autoridades diz acreditar que isso vai acontecer.
'Eles certamente vão tentar ajudar conforme puderem, mas compreendo que foram demasiadas situações ao mesmo tempo. Se ajudarem com material já não é mau. Mão de obra damos nós', disse.
O que em tempos foi a entrada da casa de Mário Nascimento - a parede hoje pura e simplesmente não existe - dá para um sulco que abre a encosta do sopé ao cume.
'Isto que hoje parece o leito de um verdadeiro rio não existia antes de 20 de fevereiro, estava tudo plantado de couves', descreveu, adiantando aquele que é agora o maior medo dos moradores: “Que irá acontecer quando voltar a chover a sério? Que mais se libertará da montanha?'
Apontando para várias casas quase que 'penduradas' na encosta a pique, o jovem sublinhou o medo que todos sentem de que a próxima enxurrada pode trazer não apenas lama e pedras mas também casas que poderão retirar do mapa toda a Vereda do Trapiche.
João Ferreira, vizinho da frente de Mário Nascimento, ainda deixa as lágrimas vir aos olhos quando se lembra do pavor que teve, no dia da catástrofe, por causa dos dois filhos jovens e da mulher grávida de cinco meses de uma menina.
'É impressionante a quantidade de coisas que uma pessoa pode guardar na memória', disse.
Este habitante, que está a receber apoio psicológico na instituição social onde se encontra realojado, diz ter recebido indicações da Câmara do Funchal de que poderá ser realojado num apartamento na cidade, mas ainda não tem indicações concretas.
Entretanto, o que o preocupa é o que poderá acontecer aos alicerces da sua casa devido às toneladas de água e lama que a terra absorveu naquele local e que podem afetar, a prazo, as estruturas da habitação.
Enquanto essa questão não ficar esclarecida, enquanto tiver dúvidas sobre se alguma das casas sobranceiras pode literalmente cair-lhe sobre a cabeça, recusa-se a deixar que mulher e filhos regressem a casa e ao perigo.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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