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Missões humanitárias são ‘paixão’ de médica do Hospital de Braga
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Missões humanitárias são ‘paixão’ de médica do Hospital de Braga

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Missões humanitárias são ‘paixão’ de médica do Hospital de Braga

Entrevistas

2020-09-21 às 06h00

Marta Amaral Caldeira Marta Amaral Caldeira

Para Joana Alves, jovem médica infecciologista do Hospital de Braga, a Medicina é a forma mais fácil que encontrou de ajudar o próximo. Mas é o seu espírito de missão que a leva mais longe, até aos países menos desenvolvidos, onde as necessidades são muitas e os meios escassos, mas onde sente que faz toda a diferença num só dia.

Citação

“O meu primeiro impulso? É dizer logo que sim”. O “sim” de Joana Alves, 34 anos, médica infecciologista do Hospital de Braga, é a resposta pronta para qualquer desafio humanitário. As jornadas intensas que nos últimos meses tem desempenhado na ‘primeira linha’ do combate à Covid-19, não a fizeram recuar um milímetro quando a Organização Mundial de Saúde a desafiou recentemente para travar a luta em Moçambique.
É de sorriso estendido que fala deste seu ‘espírito missionário’ em prol de causas humanitárias. Apesar da juventude, são três as que carrega não aos ombros, mas no coração e na experiência.
“É difícil dizer o que me motiva, mas fui para Medicina sentido já esta missão de dedicar-me completamente ao cuidado ao doente”, confessa.

Licenciou-se na Faculdade Nova de Ciências Médicas de Lisboa e apaixonou--se pela área das doenças infecciosas, que tem a ‘medicina tropical’ como área de conhecimento. O ‘clic’ deu-se ainda durante o internato, tendo passado três meses de estágio no hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, Angola, em 2016, durante um surto de febre amarela e de malária.
“Ainda era interna, estava a aprender, mas senti de perto as dificuldades na gestão da quantidade de doentes que vinham pedir auxílio durante o pico. Era uma epidemia e foi muito complicado”, recorda. Mas foi essa primeira missão num país africano, onde as carências são ainda muitas, que lhe deu experiência intuitiva e um alento ainda maior para novas missões humanitárias.

“O tempo de estágio em Angola foi passado na infecciologia pediátrica e consegui juntar duas áreas das quais gosto muito: a pediatria e a medicina tropical”.
“Dá-se muito e recebe-se muito também”. Não é uma ‘moeda de troca’, mas para a médica infecciologista Joana Alves, a experiência que acumula nestas missões é uma grande mais-valia, quer a nível humanitário, quer a nível médico.
“Já escolhi a minha especialidade em doenças infecciosas com este gosto pela patologia tropical e pelos países em desenvolvimento e de poder contribuir com o meu conhecimento nestes países”, disse, indicando que aqui o desafio é permanente.

“Todas as missões foram para mim uma oportunidade de ajudar”

Depois da primeira missão em Angola, o ‘bichinho’ ficou e já se seguiram mais duas. O ano passado esteve em Moçambique em missão com a Cruz Vermelha Portuguesa, a ajudar a controlar as doenças infecciosas depois da catástrofe provocada pelo ciclone Idai e, mais recentemente, esteve na Guiné, a convite da delegação da Organização Mundial de Saúde da Guiné-Bissau a dar o seu know how à comunidade.
Foi precisamente um mês, entre Junho e Julho últimos, que a médica infecciologista do Hospital de Braga passou na Guiné-Bissau com a missão de ajudar a reactivar especificamente para atender doentes Covid-19.

Na sua equipa estava um colega pneumologista do Hospital de Guimarães e duas enfermeiras do Algarve e de Guimarães e um ortopedista do Gana, além da equipa local. “Inicialmente estávamos a dar apoio ao Hospital Nacional Simão Mendes (Bissau) e o Hospital de Cumura, dando formação aos médicos locais e que incluía também o atendimento aos doentes. Mas ao ver que havia um hospital pediátrico que estava encerrado e que tinha central de oxigénio, as entidades mobilizaram-se e conseguimos abri-lo especificamente para atender doentes com a doença Covid grave e a precisar de um cuidado maior”, disse, apontando que o que mais gostava de ver era o facto de todos os métodos que eram ensinados na formação Covid, serem adoptados no dia seguinte. “Ajudámos a formar uma equipa nova, com uma nova abordagem ao doente e a construir circuitos no hospital. Porque a maior parte das doenças nestes países são a malária, dengue, diarreia, tuberculose, não existia equipamento para a ventilação invasiva e a nossa missão foi formar os locais para a colocação de ventilação não invasiva e com isso conseguimos salvar também muita gente”, indica.

“Todas estas missões foram, para mim, uma oportunidade de ajudar. A área da infecciologia é uma especialidade que requer sempre os nossos cuidados sobretudo quando há uma epidemia por infecção ou uma catástrofe ambiental”, frisa Joana Alves. E, por que os meios de diagnóstico são tão escassos nestes países, “o que conta é essencialmente o nosso senso clínico, a observação prática e aquilo que o doente nos diz”, conta a jovem médica de Braga, garantindo estar sempre pronta para voltar a partir em missão. “É uma experiência muito gratificante”.

“Tenho esperança que uma segunda vaga Covid seja mais controlada”

É com “preocupação” que a médica infecciologista do Hospital de Braga, Joana Alves, olha para o recrudescimento recente do número de casos de doença Covid-19, sobretudo depois do Verão, quando as pessoas andaram mais ao ar-livre e não deveriam estar tão expostas ao vírus, como acontece mais potencialmente em ambientes fechados. Por isso, apela à população bracarense
para cumprir as regras sanitárias e o distanciamento social, evitando as concentrações de pessoas. Indicando que a doença é mais grave em casos com outras morbilidades e imuno-deprimidas, a médica indica que o risco de contracção da doença é elevado e é preciso continuar a ter todos os cuidados para que, caso se venha a verificar uma eventual segunda vaga, haja um controlo maior. “O melhor remédio é prevenir!”.

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