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“No espaço de um ano nada avançou e nada mudou”
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“No espaço de um ano nada avançou e nada mudou”

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“No espaço  de um ano nada avançou  e nada mudou”

Entrevistas

2025-05-31 às 07h00

Fábio Moreira Fábio Moreira

Xoán Vázquez Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, frisou ter confiança que o governo de Luís Montenegro irá honrar os compromissos de António Costa e que a ligação ferroviária do Norte de Portugal com a Galiza se torne uma realidade.

Citação

Xoán Vázquez Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico, foi o mais recente convidado do programa ‘Primeiro Plano’, da Rádio Antena Minho, CMinho TV e Correio do Minho. Numa entrevista conduzida por Rui Alberto Sequeira, Xoán Vázquez Mao abordou o estado das conversações da ligação ferroviária com a Galiza, frisando esperar que Luís Montenegro, enquanto primeiro-ministro, venha a honrar os compromissos do seu antecessor, António Costa.
“Há sempre um contexto e é preciso recordar o ponto em que estavamos no passado. Estavamos num contexto em que Portugal tinha uma grande estabilidade política com o governo de António Costa. O país vinha a recuperar a sua economia após uma dura crise. E foi com António Costa que Portugal esteve nas bocas do mundo por uma excelente gestão da pandemia da Covid-19. O governo de António Costa tinha uma ideia clara de levar a ligação ferroviária com a Galiza a bom porto e colocou muita pressão no governo espanhol para se desbloquear a saída sul de Vigo, algo que foi conseguido. Todavia, a queda desse governo colocou Portugal numa fase de instabilidade política e isso nunca é bom para ninguém e muda sempre o paradigma destas grandes obras. Ninguém dava muitas esperanças ao governo da AD, muitos diziam que era um governo para um ano. Apesar disso, e face à mais recente vitória da AD nas eleições legislativas portuguesas, eu não tenho dúvidas que Luís Montenegro irá procurar honrar os compromissos do governo de António Costa. Ou seja, acredito numa continuidade deste projecto. Porém, a instabilidade política deste governo da AD poderá complicar a ligação ferroviária com a Galiza, tal como a indisponibilidade, até ao momento, do ministro das obras públicas para nos ouvir sobre este assunto que é de uma importância enorme para toda a eurorregião do Norte de Portugal e da Galiza”, destacou Xoán Vázquez Mao.

Continua confiante que a ligação ferroviária será uma realidade?

Xoán Vázquez Mao é, já há muitos anos, um dos grandes defensores da extensão da linha ferroviária de alta velocidade do Eixo Atlântico até à cidade do Porto. Contudo, o secretário-geral não esconde o seu descontentamento por ver que, no espaço de um ano, nada mudou relativamente a este assunto, pedindo ao governo português para haver uma maior pressão sobre o governo espanhol.
“Na política, muitas coisas não passam de propaganda. O que é verdade é que, no espaço de um ano, nada avançou e nada mudou. Quero crer que Luís Montenegro irá honrar os compromissos deixados pelo seu antecessor. Se um governo não é estável, então precisa do apoio dos deputados de outras forças partidárias. É isso que temos visto em Espanha”, confessou o secretário-geral do Eixo Atlântico.
Xoán Vazquez Mao destaca ainda que António Costa exerceu uma forte pressão sobre o governo espanhol para que este prestasse uma maior atenção à sua costa atlântica, em detrimento da costa mediterrânica. Contudo, Xoán Vázquez Mao é da opinião que, sem essa pressão, o governo espanhol tem voltado a ‘esquecer’ a sua costa atlântica, o que tem contribuído para constantes atrasos nos prazos estabelecidos para a ligação ferroviária com o norte de Portugal.
“A pressão que António Costa fez para que o governo espanhol olhasse para o atlântico foi muito bem-vinda e, fruto disso, desbloqueou-se a saída sul de Vigo. Contudo, agora parece estar a começar a faltar essa mesma pressão, o que tem vindo a permitir que os prazos se estendam cada vez. É preciso que o governo português, especialmente Luís Montenegro, exerça uma maior pressão sobre o governo espanhol para que esta intervenção surja dentro dos prazos estabelecidos”, salientou o secretário-geral do Eixo Atlântico.

A extensão da linha de alta velocidade do Eixo Atlântico até ao Norte de Portugal implica a construção de uma ponte sobre o Rio Minho. De acordo com Xoán Vázquez Mao, os governos de Portugal e Espanha que essa ponte será mesmo construída, mas a falta de um anúncio público sobre esse local e o modelo de gestão da ponte são motivos de preocupação para o secretário-geral do Eixo Atlântico.
“A parte positiva relativamente à ponte que irá passar sobre o Rio Minho é que os governos de Portugal e Espanha concordam que ela deve ser construída. A parte negativa é que estamos no início de Junho e já deveria ter havido uma reunião pública para anunciar essa decisão, o local da ponte, e para apresentar o modelo de gestão dessa mesma ponte. Se isto já estava em atraso, então agora, com a questão eleitoral, obviamente que o atraso será maior. Ainda quero ter a esperança que isto irá ser um ponto da próxima Cimeira Ibérica deste ano, mas isso é apenas uma esperança minha”, apontou Xoán Vázquez Mao.

Deve haver maior atenção de luís montenegro à questão da ferrovia?

O secretário-geral do Eixo Atlântico não tem dúvidas de que os primeiros-ministros de Portugal e Espanha têm a capacidade para marcar os pontos de principal acção dos dois governos. No entanto, Xoán Vázquez Mao reconhece que são inúmeros os projectos de grande interesse e importância que recaem sobre os primeiros-ministros. Por esse motivo, o secretário-geral do Eixo Atlântico espera encontrar um ministro português com a pasta das obras públicas que esteja disposto a dar continuidade às bases lançadas pelo governo de António Costa e que passe a ligação ferroviária Porto-Vigo do papel para a realidade.
“Os primeiros-ministros marcam a linha e, aí, não tenho dúvidas que Luís Montenegro irá honrar os compromissos anteriores a ele. No entanto, são tantos os assuntos de importância que recaem sobre um primeiro-ministro que devem ser os ministros a desenvolver diversos projectos. No entanto, eu não considero que o ministro das obras públicas tenha o currículo ou as condições necessárias para exercer essa pasta”, destacou o secretário-geral do Eixo Atlântico.

Quais são as consequências deste atraso na edificação da ligação ferroviária?

Xoán Vázquez Mao alerta ainda que estes constantes atrasos na edificação da ligação ferroviária entre Norte de Portugal e Galiza acarretam diversas consequências e que é responsabilidade das forças políticas oferecer uma maior competitividade económica à eurorregião para evitar um êxodo das gerações mais novas.
“Se moras num T2 alugado e tens previsto fazer uma casa, obviamente que enquanto não fizeres a casa continuas a viver nesse mesmo T2. Porém, não vais ter a comodidade que queres e procuras. Esta situação é bastante similar. Óbvio que o Norte de Portugal e a Galiza não vão desaparecer do mapa sem esta ligação ferroviária, mas sofrerão de uma grande perda de competitividade desta eurorregião. Estamos a perder tempo que é fulcral para a competitividade desta eurorregião. Neste mundo actual, estamos em competição permanente. Temos de dar uma vida digna à nossa gente, temos de oferecer competitividade económica ao nosso povo e ao futuro dos nossos filhos. Isto se não quisermos que as pessoas emigrem. Para isso, é preciso haver dinamismo e é preciso haver apoio dos governos para uma logística de infraestruturas para que seja uma mais-valia para a eurorregião”, destacou Xoán Vázquez Mao.
O secretário-geral do Eixo Atlântico frisou ainda que solucionar a questão da ligação ferroviária entre Porto e Vigo é um passo muito importante a ser dado para combater as dificuldades de mobilidade dentro da eurorregião.
“O Aeroporto de Sá Carneiro já é considerado como o aeroporto dos portugueses e dos galegos. As estradas estão em bom estado, são uma questão já resolvida. Apenas falta-nos concluir a questão da ferrovia para que haja diversas opções de mobilidade dentro da eurorregião”, salientou o secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Vázquez Mao.

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