Esposende assinala Dia Mundial do Animal com sensibilização dos mais novos
2023-09-27 às 06h00
“O Rio Minho é mais do que um rio, é um ecossistema imenso e complexo que se estende por 17 mil km2 de bacia hidrográfica, revelador de uma extraordinária riqueza não apenas ambiental, mas também cultural como o demonstram as comunidades portuguesas e espanholas que com ele dialogam”, constata a deputada ao Parlamento Europeu, Isabel Estrada Carvalhais.
Está de volta o Território Convida, rubrica da deputada ao Parlamento Europeu, Isabel Estrada Carvalhais, que percorre o território da montanha à costa, ao encontro de tesouros naturais bem preservados, e de gente que dá sentido e significado ao universo rural. Desta vez, o território eleito foi a zona raiana de Vila Nova de Cerveira, no coração do Alto Minho, e cuja história e identidade se confunde com o rio Minho, rio que acolhe uma biodiversidade única ao longo dos seus 340 km, e em que os 77,8 km finais estão classificados como rio internacional desde o Tratado dos Limites de 1864 entre os dois estados ibéricos.
“O Rio Minho é mais do que um rio, é um ecossistema imenso e complexo que se estende por 17 mil km2 de bacia hidrográfica, revelador de uma extraordinária riqueza não apenas ambiental, mas também cultural como o demonstram as comunidades portuguesas e espanholas que com ele dialogam”, constatou a deputada ao Parlamento Europeu já em pleno Aquamuseu, em Cerveira, espaço que serviu de palco para uma conversa com o Carlos Antunes, Biólogo de formação e mentor de todo este magnífico projeto.
O célebre verso ‘o homem sonha, a obra nasce’ foi o mote inicial dado pela Eurodeputada para que Carlos Antunes falasse sobre a origem do projeto do Aquamuseu, cuja ideia emerge em 1991 e se concretiza a 13 de Julho de 2005, com o apoio da Autarquia, após vários anos de amadurecimento.
Carlos Antunes recorda que o seu primeiro contacto com o rio Minho foi como “aluno, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar”. “Cheguei para quatro dias de aulas práticas na disciplina de ecologia aquática e foi quase um amor à primeira vista. Não só na componente natural, mas também no contexto social, principalmente com a comunidade de pescadores”.
O investigador sublinhou ainda que, para além do trabalho de divulgação e sensibilização que o Aquamuseu hoje desenvolve, sobretudo junto da comunidade escolar, há também a componente da investigação científica que permite explorar as dimensões natural e etnográfica do rio Minho. “Os rios em geral e o rio Minho em particular tinham uma grande lacuna de informação na área da biologia e ecologia”, destacou, referindo ainda que “tivemos a perceção da sua importância no contexto ibérico”.
Numa pincelada pela evolução do rio, destacou que “há um impacto brutal dos últimos 100 anos no grupo de peixes migradores”, como o salmão, o sável, mas também nas enguias, lampreias, moluscos e bivalves, alguns entretanto até já desaparecidos, o que atesta bem os impactos da ação humana sobre a biodioversidade como fez questão de frisar Isabel Carvalhais. No entender do diretor do Aquamuseu, são as espécies invasoras, exóticas, como as carpas ou a ameijoa asiática, as que acabam por se adaptar às alterações ambientais e climáticas, concorrendo para uma progressiva homogeneização de faunas aquáticas um pouco por todo o lado. Por exemplo, com a construção de barragens, as espécies endógenas passaram a ter pouco mais de 10 por cento de habitat disponível, o que tem continuadamente colocado enorme pressão sobre elas. O rio Minho era, no início do século XX, o rio de eleição para o salmão, chegando a haver registos de salmões capturados com 20 quilos (recorde-se que o Rio Minho tem registos de pesca pelo menos desde 1914). Agora, como conta Carlos Antunes, muito raramente surge um espécime com 10 a 12 quilos, mas o normal é chegar aos 4 ou 5 quilos no máximo. O Pai Minho, como os galegos lhe chamaram, sempre foi um rio com enorme riqueza económica, fonte de subsistência de famílias e comunidades inteiras ao longo dos tempos, mas sofre hoje as pressões ambientais de muitos outros rios.
Na conversa falou-se ainda da poluição, em particular de poluentes emergentes existentes em produtos do quotidiano, e, por conseguinte, da necessidades de novas gerações de ETARs capazes de captar os químicos e microplásticos. Houve tempo ainda para falar da ligação às universidades – do Minho, de Aveiro, do Porto, de Vigo e de Santiago de Compostela - com o desenvolvimento de projetos científicos, bem como do trabalho realizado ao nível da sensibilização das populações e que hoje conta inclusivamente com uma embarcação no estuário para realizar trabalho de campo.
Para além de um importante acervo de artes piscatórias tradicionais, o Aquamuseu dispõe ainda de um espaço de acolhimento de animais, como as lontras.
“É um museu em movimento, uma montra fiel do rio em todo o seu percurso, inserido num território cheio de vida”, constata Isabel Estrada Carvalhais.
Desejos e desafios para o futuro? “Não se fazem sem pessoas e são elas que têm permitido este desenvolvimento cienefico e também a criação desta ligação à comunidade”, confessou Carlos Antunes, que vislumbra igualmente “um museu de história natural à nossa escala”.
05 Outubro 2024
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