Colégio Alfacoop é referência internacional na educação
2011-10-11 às 06h00
Indignados com a forma como alguns caloiros são tratados durante a praxe, um grupo de pais juntou-se para denunciar publicamente alegados abusos que são cometidos sobre os novos alunos. Já fizeram uma exposição ao Ministério da Educação e Ciência e aguardam uma reunião com a reitoria da Universidade do Minho.
Justificada como uma forma de promover a integração dos novos alunos no ensino superior, a praxe não deixa de ser polémica. Neste início de ano lectivo, são também alguns pais a assumir protagonismo ao denunciarem publicamente situações que consideram “humilhantes “e que “atentam contra a dignidade e a saúde física e mental” dos caloiros.
Sem poupar nas palavras, Manuel Maria diz o que lhe vai na alma: “Há um bando de energúmenos que está a submeter os caloiros a pressões extremas. São pressões físicas e, sobretudo, psicológicas”.
Manuel Maria dá voz a este grupo de pais que solicitou uma audiência à reitoria e já denunciou a situação ao Ministério do Ensino Superior.
Manuel Maria não revela publicamente o sobrenome nem mostra a cara por temer que a filha sofra represálias. A filha é uma jovem bracarense de 18 anos de idade que entrou na Universidade do Minho com uma média superior a 18 valores.
“A minha filha não é parva. Entrou com uma excelente média para a universidade, mas nestes últimos 15 dias alteraram-lhe visivelmente o comportamento. Temo, e tenho indicações avalizadas para o dizer, pelo seu equilíbrio emocional e não só”, adianta este pai, que não esconde o receio em que esta praxe marque para sempre a filha.
O mesmo receio é partilhado por outro pai, que não se identifica também com medo que o filho seja alvo de represálias. “Ele entrou numa licenciatura em que a praxe é conhecida por ser muito pesada, para utilizar outro termo. Para mim a praxe, por aquilo que tenho visto, não é mais do que uma agressão aos mais elementares direitos e dignidade dos novos alunos”, refere, alertando que “os novos alunos já foram avisados de que a praxe vai continuar até Maio”.
“Investimos tanto na educação dos nossos filhos, e continuamos a fazê-lo, para isto? Os nossos impostos servem para isto?”, questiona revoltado.
Professor de profissão, este pai tem larga experiência a lidar com adolescentes e jovens e deixa um alerta: “O silêncio dos caloiros, e até a sua aparente aceitação da praxe, nos termos em que ela é executada, não é mais do que uma estratégia para se defenderem de ostracismos, represálias e exclusão”.
A título de exemplo, estes pais dizem que a violência começa logo com o modo como os caloiros são tratados: “Novilhos! Chamam novilha à minha filha! Besta! Não posso admitir isto”, concretiza Manuel Maria, criticando “o calão ordinário utilizado pelos ditos ‘doutores e engenheiros’, que obrigam os novatos a berrar até à exaustão as mais impensáveis barbaridades”.
Este pai recorda o dia em que a filha efectuou a matrícula e lhe entregaram uma mochila com informações em que o enfoque estava virado para a publicidade a uma discoteca e a uma empresa de telecomunicações. “O material distribuído aos novos alunos nada tem a ver com aquilo que deveria esperar os alunos: o acolhimento, a integração, o incentivo ao estudo e a uma vida académica equilibrada, condizente com o esforço económico a que os pais se obrigam, muitas vezes em situação de dificuldade”, remata.
Abusos devem ser denunciados à AAUM e reitoria
O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) garante desconhecer qualquer situação ou queixa relativas a abusos que estejam a decorrer no âmbito da praxe académica, embora admita que possam existir algumas situações marginais que não se enquadrem no espírito da tradição.
“Solidariedade, companheirismo e espírito de entreajuda, são estes os valores que devem estar subjacentes à praxe”, lembra Luís Rodrigues, apelando a que eventuais abusos sejam reportados à AAUM e à reitoria.
“Ainda que não seja a AAUM a tutelar a praxe, temos consciência de que a praxe só faz sentido como ritual de integração”, sublinha, lembrando que os novos alunos são cerca de 2500, “pelo que não é fácil controlar aquilo que acontece em cada curso”.
Luís Rodrigues prefere realçar “o lado positivo da praxe”, referindo a título de exemplo o facto de dois cursos, História e Arqueologia e Línguas e Literaturas Europeias que, no cortejo da latada, levaram dois caloiros invisuais “perfeitamente integrados no espírito da actividade”.
Luís Rodrigues reagiu ainda à notícia avançada ontem por um jornal de tiragem nacional que dava conta de caloiros que foram obrigados a fumar, a beber bebidas alcoólicas e a faltar às aulas, em ritual de praxe. “Não acredito de todo. Parece-me uma notícia difamatória e desprovida de qualquer verdade. Poderão existir algumas situações menos próprias, mas isso não. É uma barbaridade”, diz o presidente.
03 Outubro 2024
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