Maria da fonte venceu a Oliveirense por três bolas a uma
2019-09-23 às 06h00
Combater o isolamento social é o objectivo do projecto REDMAY, que envolve a cooperação entre o Município de Braga, a Junta da Galiza e a Universidade de Vigo.
Vivem isolados dos centros urbanos e sem acesso a serviços de saúde ou sociais. Contudo, devido a uma unidade móvel, desenvolvida através de uma colaboração ibérica, hoje saem das suas casas e têm direito a assistência médica e social.
O relógio marca as 16 horas quando, numa sala da Junta de Freguesia de Arentim e Cunha, as cortinas de um pequeno palco se abrem para uma peça de teatro organizada por populares.
Aqui, são eles os protagonistas. Não só de peças de teatro, mas de histórias de uma vida que anda de “mãos dadas” com a solidão e com o isolamento.
Passaram poucos dias desde que a unidade móvel, desenvolvida no âmbito do projecto ibérico REDMAY, por cá passou e se instalou, trazendo a reboque assistência social, cuidados médicos, actividades lúdicas, recreativas e tecnológicas. “Esta unidade pretende criar uma rede de proximidade entre os serviços sociais e de promoção da saúde mental com as pessoas idosas”, explica à Lusa Cláudia Igreja, da Câmara Municipal de Braga e responsável pelo projecto. “Temos verificado que a proximidade tem sido muito importante para as pessoas”, conta Cláudia Igreja, revelando que, desde Junho, a unidade móvel, que já passou por quatro freguesias do concelho de Braga, acolheu 434 pessoas, com idades entre os 55 e 98 anos.
Dentro da unidade, que tem rampa de acesso para o jardim da Junta de Freguesia de Arentim e Cunha, além de equipamentos de rastreio médico, existem também dois monitores. O objectivo? Aproximar esta população às novas tecnologias. “É um sistema personalizado, através do toque, eles conseguem aceder a jogos, leituras ou até estabelecer contacto com um familiar ou um neto”, explicou a responsável pelo projecto, acrescentando que o sistema visa também “a estimulação cognitiva”.
Projecto chega aos maiores de 55 anos
O REDMAY é um projecto europeu de cooperação entre o Município de Braga, a Junta da Galiza e a Universidade de Vigo. Trata-se de uma iniciativa de apoio pessoal personalizado e de prevenção de demências que promove acções gratuitas de Serviços Sociais (atendimento social, mediação com os serviços/respostas sociais), Enfermagem (aconselhamento e rastreios), Neuropsicologia (avaliação e estimulação cognitiva) e Psicomotricidade (estimulação funcional). Incluem-se, também, nestes serviços diversas acções, tais como, sessões de relaxamento, pintura, leitura de jornais e revistas, teatro, jogos, danças e cantares, visitas domiciliárias, acções de sensibilização/informação, acesso às novas tecnologias e divulgação de serviços e medidas promovidas pelo Município de Braga.
A Unidade Móvel percorrerá, até ao final deste ano, as freguesias de Esporões, Morreira e Trandeiras, Escudeiros, Penso S. Estevão e Penso S. Vicente, Guisande e Oliveira São Pedro, Arentim e Cunha, Tebosa, Ruílhe, Priscos, Tadim, Vilaça e Fradelos, Celeirós, Aveleda e Vimieiro, Figueiredo, Lamas, Lomar e Arcos, Cabreiros e Passos São Julião.
Sucesso do projecto dita continuidade
Iniciado em Outubro de 2015, este projecto ibérico, que integra o Programa de Cooperação Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP) delineou várias estratégias, mas todas seguem o mesmo princípio: promover a qualidade de vida e combater o isolamento social.
A unidade móvel, que já assistiu 434 pessoas, vai, até ao final do ano, acompanhar a população residente nas restantes 10 freguesias do concelho de Braga, segundo o vereador das políticas sociais da autarquia. Firmino Marques admite que o projecto tem “superado as expectativas” e que, por isso, o objectivo do município é, em 2020, “dar-lhe continuidade”.
“Já estamos a pensar no futuro e em 2020, naturalmente, teremos este serviço como parte integrante das políticas sociais do município para a população que mais precisa”, conclui.
De destacar que o projecto assegura a instalação de um “sistema de segurança passiva” e de um “sistema tecnológico idêntico ao da carrinha” nas suas televisões, para que, apesar de impedidos de sair, sejam acompanhados e “tenham acesso ao exterior”. Foi precisamente o facto de não saber se a população ia sair das suas casas que mais preocupou Neusa Coelho, a assistente social que integra a equipa e que, em declarações à Lusa, conta o quanto “desafiante” consegue ser este projecto. “A minha maior preocupação, no início do projecto, foi saber se iria ter adesão porque estamos a trabalhar com uma população já sénior, que não sai de casa, vive isolada e sozinha, num território muito deprimido, porque não tem dinamismo”, lembra.
Neusa Coelho acredita que uma das mais-valias deste projecto é a capacidade de providenciar uma “resposta concreta” sobre o estado de saúde das pes- soas. No seu entender, a assistência médica e social junto destas populações, pelas entidades públicas, deveria ser repensada. “As respostas têm de ser repensadas, mais flexíveis e diversificadas, para que se possam estabelecer relações afectivas. Todos estes condimentos têm de estar numa resposta a esta população”, sublinhou.
Para lá da fronteira, o projecto, que conta com um financiamento de 1,12 milhões de euros, está a ser desenvolvido em 20 localidades das quatro províncias da Galiza - Corunha, Pontevedra, Ourense e Lugo -, tendo já assistido 495 pessoas.
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