Luís Pedro Martins: “Turismo é um sector resiliente, que recuperou muito rapidamente”
2020-07-03 às 06h00
Presidente do Eixo Atlântico considera que a reabertura das fronteiras pode ter um papel muito importante para “ajudar a reavivar a actividade económica, sobretudo o sector turístico”, que foi um dos mais afectados pela pandemia.
Para Ricardo Rio presidente do Eixo Atlântico e da Câmara Municipal de Braga, a reabertura das fronteiras com Espanha “pode ser uma fonte importante” para “reavivar a actividade económica, em particular do turismo, por força, também, dos hábitos de interacção existentes entre as populações dos dois lados da fronteira”.
“É um repor da normalidade, até porque existe uma proximidade muito grande entre o Norte de Portugal e a Galiza”, sustenta Ricardo Rio, realçando que entre os dois territórios “existe, dentro da sua heterogeneidade, uma unidade territorial, que faz com que galegos e portugueses atravessem naturalmente a fronteira, na extensão daquilo que é a sua terra natal”.
Esta lógica de continuidade territorial assume particular importância quer no Norte de Portugal, quer na Galiza, o que é perceptível, nomeadamente, pelo “bom desempenho” desta Eurorregião no combate à pandemia.
O presidente do Eixo Atlântico realça que que a pandemia, em números globais, afectou muito menos a Galiza do que o resto da Espanha, país que vivem das situações mais dramáticas na Europa.
Da mesma forma que, apesar de inicialmente ter sido mais atingido, o Norte de Portugal também está melhor do que o resto do país. “Naturalmente esperamos que assim continue”, refere Ricardo Rio, fazendo votos de que a reabertura das fronteiras “não ponha em causa essa realidade”.
Em declarações ao ‘Correio do Minho’, Ricardo Rio realçou ainda a importância do turismo de fronteira neste contexto de pós-pandemia, uma vez que a retoma do sector turístico deverá ser proporcionado, nesta primeira fase pela procura interna e também muito pelo turismo dentro da Eurorregião.
Na quarta-feira, primeiro dia de livre circulação nas fronteiras foi já visível o aumento de circulação de veículos de matrícula espanhola na cidade de Braga, da mesma forma que muitos portugueses partilharam imagens das suas deslocações à Galiza.
A expectativa é que este movimento de turistas se intensifique ao longo das próximas semanas e meses, pois será fundamental para ajudar na retoma daquele que foi um dos sectores mais afectados pelas consequências da pandemia.
O presidente do Eixo Atlântico considera também que o turismo de fronteira, mais do que nunca, é um conceito que poderá contribuir para a retoma económica em toda a região do Noroeste Peninsular. Rio recorda que o Eixo Atlântico já reivindicou junto da União Europeia que se olhe o turismo de fronteira como um dos principais motores para o desenvolvimento do turismo e obviamente para o desenvolvimento dos territórios.
‘Dois países, um destino’ é trunfo para promoção do Noroeste Peninsular
Ricardo Rio considera que, do ponto de vista da promoção internacional, o Noroeste Peninsular, no seu todo, pode posicionar-se como um destino turístico, apostando no slogan ‘Dois países, um destino’.
“Do ponto de vista da promoção internacional considero que há espaço para uma promoção integrada de toda a Eurorregião do Noroeste Peninsular”, referiu Ricardo Rio, recordando que essa promoção já tem vindo a ser promovida pelo próprio Eixo Atlântico, que já distribuiu, através do Correio do Minho, o guia turístico intitulado precisamente ‘Dois países, um destino’.
Mais do que concorrer entre si, o presidente do Eixo Atlântico defende que o Norte de Portugal e a Galiza só têm a ganhar na promoção conjunta, desde logo porque são “territórios que se complementam”.
A nível interno, estes territórios “têm muitas afinidades” o que leva a que os galegos sejam os principais “alimentadores” do turismo no Norte de Portugal, acontecendo mesmo relativamente à Galiza que tem nos portugueses a sua principal fonte de turismo externo.
A nível internaciona, a Eurorregião só tem a ganhar ao promover-se em conjunto, como realça Rio para quem essa promoção conjunta faz ainda mais sentido no contexto pós-pandemia.
“Como assumimos no Eixo Atlântico, somos dois países, mas um só destino. Temos todas as condições para quem nos visita. Temos praias e montanhas, cidades urbanas e inovadoras, mas também aldeias típicas, temos cultura e património, temos natureza. Temos, no fundo, uma oferta complementar e, em conjunto, podemos posicionar-nos como um destino turístico muito interessante e isso vai ser benéfico para toda a Eurorregião”, disse Ricardo Rio, que também defendeu esta ideia num fórum on-line sobre turismo de proximidade, promovido pela galega Rádio Corunha.
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