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2020-07-12 às 06h00
“Não conhecer a própria história é a maior ameaça à democracia”. O alerta é do escritor Richard Zimler para quem a ignorância está a colocar em risco não só a democracia do seu país natal, os EUA, mas também no país onde vive, Portugal.
Não conhecer a própria história é a maior ameaça às democracias, incluindo à portuguesa. O alerta é do escritor norte-americano Richard Zimler, radicado no Porto desde 1990, e o protagonista da conversa em streaming realizada ontem no âmbito do programa cultural da Feira do Livro de Braga.
Durante cerca de uma hora, numa conversa moderada por Tito Couto, Richard Zimler falou não só sobre os seus livros, que bebem muito da actualidade, mas também comentou acontecimentos que estão a marcar a actualidade em Portugal e no mundo.
O escritor começou precisamente por falar da situação do país onde nasceu e cresceu, confessando que fica doente quando liga a televisão e é confrontado com o que, a nível político, se passa nos EUA. “Não consigo ver, simplesmente fico doente”, confessou, manifestando que actualmente o seu maior receio é que Trump perca as eleições e lance mão de algum estratagema para não o conseguirem tirar da Casa Branca, uma situação que na recta final poderá exigir a intervenção do exército americano.
Zimler considera que “estamos perante a maior ameaça à democracia norte-americana desde a guerra civil que aconteceu há mais de 150 anos”.
No seu entender, a eleição de Trump apenas confirmou aquelas que são as consequências das pessoas não conhecerem a sua própria história.
“Trump só é possível numa sociedade que não valoriza a sua história, a sua cultura”, referiu, na conversa que decorreu através de videoconferência.
Para Richard Zimler, a constatação de que a ignorância está a ameaçar as democracias não é nova. E encontra-a também cá, em Portugal.
O escritor considera que Portugal se devia preocupar mais com a educação, com a forma, sobretudo, como ensina a sua história.
“Faço muitas sessões pelas escolas portuguesas e noto que muitos alunos saem do liceu sem saberem pormenores sobre a ditadura portuguesa”, afirmou, alertando que “quem não conhece o que realmente foi a ditadura pode facilmente dizer ou pensar que precisamos de um novo Salazar para colocar a sociedade na ordem. Até já temos uma pessoa no Parlamento a dizer isso, embora com outras palavras”.
É por isso que não tem dúvidas em afirmar e alertar que “não conhecer a nossa própria história é a maior ameaça à democracia jovem em Portugal”.
Num tema que está a marcar muito a sociedade americana, Richard Zimler comentou também o movimento ‘Black Lives Matter’ (em português ‘Vidas Negras Importam’), mostrando esperança que ele consiga alterar alguma coisa na sociedade americana, uma esperança que brota sobretudo do facto de este movimento congregar pessoas de todas as cores, raças e etnias.
No entanto, também sabe que não é fácil mudar a sociedade americana, desde logo porque os Estados Unidos “são como um navio enorme, trinta vezes maior do que Portugal, e para mudar o rumo do navio é preciso um movimento muito forte e constante”.
A mudança não se conseguirá com três ou quatro meses de ‘Black Lives Matter’. “Só daqui a três ou quatro anos vamos conseguir começar a perceber se houve realmente mudança na sociedade”, refere.
Entre outros temas, Richard Zimler manifestou-se também crítico pela forma como actualmente “é tão fácil insultar os outros” através das redes sociais, basta expressar uma opinião diferente para alguém ser alvo do pior tipo de comentários. “Fico muito perturbado com esta situação”, confessou o escritor, defendendo que não vale a pena debater assuntos importantes nas redes sociais precisamente por essa falta de respeito que existe pela opinião do outro.
Considerado um dos grandes escritores mundiais da actualidade, Richard Zimler, natural de Nova Iorque e agora a residir no Porto, tem publicados 12 romances, uma colectânea de contos e cinco livros infantis, que depressa entraram nas listas de ‘bestsellers’ de vários países (Portugal, Brasil, EUA, Inglaterra, Itália, entre outros).
A sua obra encontra-se traduzida para 23 línguas. O seu mais recente romance é ‘Os Dez Espelhos de Benjamin Zarco’.
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