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Rui Rocha: Com grandes esperanças na eleição para o Parlamento

Entrevistas

2022-01-09 às 06h00

José Paulo Silva José Paulo Silva

O cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) luta para ser eleito deputado nas próximas eleições legislativas. Um objectivo que admite ser difícil, se olharmos para os resultados obtidos em 2019, mas possível, tendo em contra o trabalho político realizado e o crescimento do partido registado desde então.

Citação

Com “grandes esperanças” de ser eleito deputado pelo distrito de Braga nas eleições legislativas de 30 de Janeiro, Rui Rocha, cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL), confia na evolução que partido tem tido nos últimos actos eleitorais para multiplicar por cinco a votação obtida em 2019. “É um desafio, é um objectivo ambicioso, e nós fundamos esse desafio e essa ambição na evolução muito positiva que o partido tem tido. Temos crescido nas eleições em que temos participado. Todas as sondagens apontam para uma subida consistente da IL”, afirma o candidato em entrevista ao Correio do Minho e à rádio Antena Minho.

“Fomos muito claros no que são os objectivos eleitorais para a IL. Temos como objectivo base a eleição de cinco deputados, três em Lisboa e dois no Porto, e consideramos uma alta probabilidade a eleição de um deputado em Braga, Setúbal e Aveiro”, adianta o cabeça de lista por Braga, considerando que entre 19 e 20 mil votos são os necessários para a sua eleição. Nas eleições legislativas de 2019, a IL, com Olga?Batista como cabeça de lista, recolheu 3 804 votos.

Membro da comissão executiva da IL desde a última convenção do partido, em Dezembro último, na entrevista conduzida pelos jornalistas Rui Alberto Sequeira e Rui Miguel Graça, antecipou os cenários políticos após as próxinas eleições, sublinhando que, “se houver uma maioria de esquerda, encabeçada pelo PS, seremos uma oposição firme, permanente e consistente”, mas que, se for o PSD a ganhar as eleições e convidado a formar Governo, “admitimos entendimentos que podem passar por viabilizações no Parlamento ou, haja essa disponibilidade, por alguma participação no Governo.
Rui Rocha lembra que o próprio presidente do PSD, Rui Rio, “já admitiu isso”, e que a IL não privilegia a questão dos cargos, antes “o respeito das nossas propostas para o país”.

Para estas eleições legislativas, o candidato da IL por Braga releva que o seu partido apresenta um “programa muito extenso”, com mais de 500 páginas “com propostas muito concertas”.
Destaca Rui Rocha como bandeiras principais da IL “a redução da carga fiscal sobre as famílias, o trabalho e as empresas”, já que “o crescimento económico é fundamental” .

Adianta que “é fundamental também assegurar liberdade de escolha na Educação e na Saúde”, bem como “reduzir a burocracia, simplificar os processos, porque isso torna a vida de todos nós mais fácil, mas também tem um impacto significativa na redução da corrupção”.
Segundo o cabeça de lista da IL, houve retrocessos nos últimos anos neste princípio da liberdade de escolha, por “inviezamento ideológico”, apontando como exemplos o fim da parceria público-privada (PPP) do Hospital de Braga e dos contratos de associação em estabelecimentos de ensino particulares.

Jovens são o “primeiro eleitor”
"Dirigimo-nos claramente aos jovens. Não podemos aceitar 23% de desemprego jovem, não podemos aceitar a emigração jovem por condenação e não por opção. O nosso primeiro eleitor são os jovens. Também somos um partido que fala para os pais e mães destes jovens. Dirigimo-nos também muito aos pequenos empresários e aos profissionais liberais que sentem a burocracia e o peso da carga fiscal".

Com descentralização regiões são desnecessárias

O cabeça-de-lista da IL pelo círculo eleitoral de Braga não julga necessária a regionalização em Portugal, propondo, em alternativa, um reforço da descentralização de competências do Estado central para as autarquias. “Temos uma ideia clara que é preciso ter competências o mais próximo possível da população”, declara Rui Rocha, considerando que tal se deve reflectir na distribuição de meios financeiros.
Depois de contactos com os presidentes das câmaras de Terras de Bouro e Amares, o candidato liberal lamenta, na entrevista ao Correio do Minho e rádio Antena Minho, que Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “vai ter uma aplicação centralista: Lisboa, a seguir Lisboa, a seguir Lisboa, a seguir o Porto e a seguir o Porto. O que sobrar para o restante território serão migalhas”.
Sustenta que “não é admissível que tenhamos tudo para Lisboa e quase tudo para o Porto”, mas não é a regionalização solução para esse desequilíbrio. “Se estamos a falar de uma regionalização como mais uma camada administrativa, que gera mais custos de estrutura, mais oportunidades de nepotismo e clientelas, temos uma grande resistência”, alega, considerando desnecessário “mais uma estrutura intermédia para gerir os recursos mais próximos das populações”.

Estado financiador mas não único prestador de Saúde

“Houve a decisão política de terminar com a parceria público-privada (PPP) do Hospital de Braga, com o princípio de que o Estado tem de ser financiador mas também prestador na Saúde.
Nós aceitamos o primeiro princípio, aceitamos o princípio da universalidade do acesso à Saúde, mas não aceitamos o princípio de que o Estado tem de ser o único prestador.
Ao lado do Estado, que existam opções sociais e opções privadas. Soluções próximas do sistema alemão. Não faz sentido haver um serviço nacional de saúde, mas sim um sistema nacional de saúde”.

Fixar o salário mínimo municipal

A IL defende no seu programa eleitoral a ideia do salário mínimo municipal. Rui Rocha explica que a proposta não visa acabar ou diminuir o salário mínimo nacional, mas atribuir “responsabilidade dos municípios que conhecem o custo de vida nos seus concelhos e fixar esse patamar”.
Justifica que “o custo de vida em Lisboa é muito diferente do de Bragança” e que podem existir entendimentos a nível regional nesta matéria.
“Os municípios da região do Cávado poderiam entender um valor. Temos de confiar no bom senso dos autarcas”, explica o cabeça de lista pelo distrito de Braga, relevando que o salário médio está a aproximar-se do salário mínimo. “Temos já 25% da população com salário mínimo nacional e temos um salário médio bruto de 1 300 euros”, alerta o candidato, segundo o qual a situação “é completamente inaceitável na tal sociedade digna e próspera que queremos construir”. Dos baixos salários decorre a manutenção da emigração jovem por necessidade e não por opção.

Seriedade e consistência do trabalho político

“Se há uma marca que a IL consolidou é a extrema seriedade e consistência com o nosso deputado único, João Cotrim de Figueiredo. Deixou uma marca de rigor, de competência, de afirmação de propostas.
Estamos a somar para esta eleição o trabalho feito e a evolução dos resultados eleitorais que temos tido”.


Taxa única de IRS de 15% dinamiza a economia e cria investimento

A criação de um escalão único de IRS com uma taxa de 15% é uma das propostas mais ousadas do programa eleitoral da IL.
“Não vou negar que, com esta proposta, quem ganha mais vai pagar menos imposto, mas é verdade que com ela pagam todos menos imposto”, afirma Rui Rocha, adiantando que, numa fase de transição, seriam criadas dois escalões daquele imposto.
“É uma proposta que respeita o princípio da progressividade fiscal previsto na Constituição da República. O imposto é praticado a partir de determinado nível e há um conjunto de isenções”, esclarece o cabeça de lista da IL.
Sobre a perda de receita que representa esta proposta eleitoral, Rui Rocha diz que “o dinheiro não desaparece” e que uma “perda de receita num momento inicial” seria compensada com a dinamização da economia e a atracção de mais investimento.

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