Na preparação de um novo ciclo de quatro anos à frente do clube, António Salvador assumiu, de forma declarada, o objectivo de ser campeão nacional até 2029. Em entrevista ao Correio do Minho, o candidato único às eleições de 24 de Maio explica por que é que este é o momento.

Correio do Minho (CM) - Objectivo do título vai resultar num maior investimento?
António Salvador (AS) - Percebo a pergunta e percebo que as pessoas se questionem do porquê de dizer que quero ser campeão nacional e porquê nesta altura das eleições. Isto é um projecto que não começou agora, mas que tem vindo a ser trabalhado ao longo dos últimos anos. Para sermos campeões há três coisas importantes: sustentabilidade financeira, retenção de talento e proximidade. Precisamos de sustentabilidade financeira para podermos reter o maior número de talentos na equipa. Isto não quer dizer que não vamos vender jogadores, porque não seria sério comigo mesmo se alguma vez dissesse que não iria vender jogadores. Nunca o disse no passado, sempre foi preciso vender e hoje, para chegarmos a este patamar, foi preciso vender os jogadores que vendemos para sermos um clube sólido, que cumpre com as suas obrigações e que criou todas estas infra-estruturas para estar mais preparado do que nunca para fazermos do Braga campeão. Depois há a proximidade das pessoas, porque não se ganha sozinho. Temos de criar uma mentalidade forte e reforçada, dentro e fora do clube, para que possamos estar todos alinhados num objectivo comum, que é fazer do Braga campeão nacional.

CM - É com Carlos Carvalhal que abraça essa meta do título?
AS - Ultimamente tenho ouvido Carlos Carvalhal nas conferências de imprensa e o foco está naquilo que é o objectivo imediato, que é ficarmos no pódio. É nisso que estamos focados até ao final do campeonato.

CM - No ataque ao título, o SC Braga tem o poderio financeiro necessário para ombrear com os ditos três grandes?
AS - O SC Braga vai ser campeão um dia e não é pelo poderio financeiro que têm os outros três clubes. Nunca será por aí. O SC Braga vai ser campeão nacional porque tem uma base que trabalhou ao longo desta última década, criou condições infra-estruturais para isso, criou estabili- dade financeira para isso e criou também uma mentalidade, que terá de ser reforçada internamente e na cidade, para que o SC Braga seja campeão. Desta forma, estão criadas todas as bases para que consigamos ser campeões nacionais. Com retenção de talento, com aproximação aos adeptos e à cidade e com uma mentalidade vencedora mais vincada dentro do clube.

CM - Ambição assumida de lutar pelo título surge após a conclusão da Cidade Desportiva. Eram essas as condições que queria ter para atacar o passo seguinte?
AS - Esse foi um plano que foi traçado praticamente desde que cá cheguei. Na primeira década a ideia era estabilizar financeiramente o clube e, desportivamente, estabilizá-lo na tabela classificativa e lutar pelos lugares cimeiros. Depois, eu sempre disse: o Braga só poderia ter futuro e ser sustentável tendo as condições que hoje tem a nível infra-estrutural. Hoje, mais do que nunca, o Braga está preparado para dar o passo seguinte.

“Dos jogadores da formação na equipa principal, nenhum deles sairá”

A estabilidade financeira que o clube adquiriu permite-lhe, assume Salvador, ser agora capaz de reter o talento durante mais tempo, facto que vai ao encontro do que se pretende no objectivo principal de lutar pelo título.
CM - Como será feita a gestaõ entre a necessidade de vender jogadores e a de criar uma equipa competitiva, capaz de lutar por objectivos ambiciosos?
AS - Há jogadores importantes que apareceram na equipa, vindos da formação, e são esses jogadores que nós queremos, com ambição, com uma imagem guerreira. Posso garantir que nenhum deles sairá, a não ser pelo valor das respectivas cláusulas de rescisão. Jogadores como Hornicek, Chissumba, Roger, Gorby, Diego, posso dizer que vão continuar cá para o ano, a não ser que algum clube chegue cá e bata as cláusulas. Esse é o pensamento base e o pilar da retenção de talento que pretendemos para o futuro. São jogadores à Braga, formados no SC Braga, que fazem parte do nosso projecto de futuro. Sobre as vendas, temos jogadores emprestados, que por uma ou outra razão saíram, mas estão a jogar e com os quais o Braga conta fazer dinheiro com eles. Depois, poderá haver um ou outro jogador dentro do plantel, que não são considerados imprescindíveis, e que poderão ser negociados.

CM - O Braga já é, hoje, um clube capaz de chegar à mesa das negociações com outros grandes clubes e manter-se firme perante o assédio aos seus jogadores?
AS - Isso só é possível graças ao trabalho que nos trouxe até aqui, de criar estas condições e também obter uma estabilidade financeira que nos permite fazê-lo e no passado não conseguíamos. Vamos continuar a vender no futuro, mas de uma forma mais ponderada, apostando na nossa formação, no jogador guerreiro, à Braga. Além dos jogadores que estão no plantel principal, temos muitos mais e muito bons jogadores, tanto na equipa B, nos juniores e também nos sub-17, que nos próximos anos vão entrar directamente na nossa equipa principal. É essa mística que queremos criar no plantel, para nos levar à glória.