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Um referência no panorama do futebol nacional

Desporto

2022-11-30 às 06h00

Ricardo Anselmo Ricardo Anselmo

Passaram-se cem anos sobre aquele 23 de Novembro de 1922, dia em que nasceu oficialmente a Associação de Futebol de Braga, que é actualmente uma das associações de maior relevo do panorama do futebol nacional, sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol. Surge numa altura em que a modalidade do futebol começa a despertar atenções entre os mais jovens, com o intuito de congregar os interesses comuns dos primeiros clubes do distrito de Braga.

Citação

Passaram-se cem anos sobre aquele 23 de Novembro de 1922, dia em que nasceu oficialmente a Associação de Futebol de Braga, que é actualmente uma das associações de maior relevo do panorama do futebol nacional, sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol. Surge numa altura em que a modalidade do futebol começa a despertar atenções entre os mais jovens, com o intuito de congregar os interesses comuns dos primeiros clubes do distrito de Braga.

A fundação da AF Braga não pode ser dissociada da história do SC Braga, que teve num dos seus fundadores, Celestino Lobo, um elemento fundamental para o nascimento da Associação. Enquanto noutros distritos já se realizavam torneios oficiais, em Braga o número de clubes ia crescendo, com jogos entre si, mas sem organização ou regulamentos, pelo que Celestino Lobo sugeriu uma reunião entre clubes, na sede do SC Braga, com esse propósito de discutir a formação da AF Braga. Depois de algumas divergências com o Grupo Desportivo de Famalicão no primeiro encontro, à segunda houve fumo branco, com o entendimento entre os clubes a resultar na constituição de uma Comissão Organizadora da AF Braga, sendo designados os seguintes sócios fundadores: Gabriel Maia, Bernardino Gomes, José João Rodrigues, Manuel Luís Ferreira, Manuel Vilan Pereira, António Costa Gomes, Fernando Carvalho Pereira e Celestino Lobo, com Germano de Vasconcelos a ser proclamado o primeiro presidente.

São imensos os momentos mais marcantes ao longo dos cem anos de vida da Associação de Futebol de Braga, entre os quais se destacam a construção de uma nova sede, nos anos 80, sob a presidência de Gil Mesquita - novo espaço, que se mantém até aos dias de hoje como a casa dos clubes, foi inaugurado no início dos anos 90, já sob a liderança de Mesquita Machado -, passando pelas boas prestações dos clubes filiados nos palcos principais do futebol português, sem esquecer os bons resultados alcançados pelas várias selecções nos torneios inter-associações.

Ponto alto foi mesmo a conquista da Taça das Regiões da UEFA, em 2011, no Estádio Cidade de Barcelos, sob o comando de Dito, depois de já ter sido vice-campeã dez anos antes, em 2001.
A dinâmica e inovação na vertente desportiva é uma das características peculiares da AF Braga, que tem na projecção do futuro e na aposta forte na formação e no futebol feminino dois dos pontos mais importantes, evidenciando também o papel social que se lhe reconhece, abrindo espaço à igualdade de género e de oportunidades. Um caminho longo, que tem sido percorrido com recurso a passos firmes.

Dados sustentam optimismo

E m termos globais, a pandemia veio atrasar mas não esmorecer a tendência de crescimento quanto ao número de atletas, nos géneros masculino e feminino, inscritos na AF Braga. Segundo dados da última temporada (2021/22), são 20.384 os atletas inscritos (futebol, futsal e futebol-de-praia), uma grande subida em relação a 2020/21 (9.594 atletas), a ‘temporada Covid’. O objectivo é chegar aos 30 mil atletas em 2030
No género masculino, em que se pretendem atingir os 24.000 atletas daqui por sete anos, estão inscritos 19.079, dos quais 17.692 estão no futebol, 1.371 no futsal e apenas 16 no futebol-de-praia. No escalão sénior, são 3.974 os atletas inscritos, um número já próximo dos 5 mil que se pretendem atingir em 2030. Quanto à formação, são 15.105 os inscritos, quando se pretendem chegar aos 19 mil.

Já no género feminino (no qual não se incluiu a modalidade de futebol-de-praia), tem-se assistido a um crescimento relevante do número de atletas de época para época, contabilizando-se um total de 1.164, quando se pretende chegar às 6 mil em 2030. Dessas 1.164 atletas, 460 são seniores (pretende-se chegar às 1.500) e dividem-se entre futebol (230) e futsal (174). Já na formação, são actualmente 760 jogadoras inscritas (objectivo é atingir as 4.500 em 2030), das quais 618 estão no futebol e 142 no futsal - o facto de os números na formação serem superiores é um indicador muito positivo para o futuro.

Quanto à percentagem do número de atletas inscritos por género, a conclusão é de que ainda há um caminho a percorrer, sendo que 94% dos atletas são masculinos e apenas 6% correspondentes ao género feminino, que espera, em 2030, chegar aos 20%.
Em relação à certificação AF Braga, são actualmente 62 os clubes certificados e 92 que se encontram nesse processo de certificação. A maioria dos clubes (32) é certificado com 3 estrelas, pretendendo-se, em 2030, atingir 60% de clubes certificados.


“Clubes são grandes obreiros da evolução que temos tido”

Para Manuel Machado, são onze anos na presidência da Associação de Futebol de Braga mas quase três décadas de ligação à instituição. Durante este período temporal, o dirigente, que sempre esteve a par do crescimento evidenciado desde 1922, nota uma grande evolução.
“É uma evolução que resulta da projecção que fomos fazendo, dos objectivos que definimos e da visão que temos para este projecto. Fundamentalmente, isto é resultado do trabalho dos clubes. Por muito que queiramos evoluir, se não tivermos do outro lado dirigentes, treinadores e os mais variados agentes a acompanharem o projecto que pretendemos, evidentemente que nada se consegue. Os grandes obreiros da evolução que a Associação de Futebol de Braga teve são os clubes”, comenta Manuel Machado, que elenca três momentos distintos - e com os quais se vai debatendo ainda nos dias de hoje - como os mais desafiantes ao longos dos onze anos na presidência.
“Desde 2011 tivemos três situações ou desafios que nos condicionaram muito em termos económico-financeiros: a ‘Troika’, a Covid-19 e agora a Guerra na Ucrânia. A pandemia foi mesmo a situação mais complicada de gerir. Fecharam-nos e não sabíamos com o que estávamos a lidar. Foi muito duro. O que a AF Braga fez foi ser pró-activa e apoiar os clubes para evitar o seu desaparecimento, porque estar sem competição, nomeadamente na formação...”, assinalou, lembrando que “um apoio não é só dar dinheiro”.

“É, por exemplo, reduzir o valor das taxas, isentar os clubes de outros tipos de pagamentos, etc… A Federação também apoiou. Quando estalou a Covid, a Federação tinha 212 mil atletas inscritos e este número baixou depois para 161 mil. Dizia o Sr. Fernando Gomes, que tem feito uma obra extraordinária, que se calhar íamos demorar alguns anos a recuperar o número de atletas que tínhamos em 2019. Eu, normalmente, não sou muito pessimista”, atirou, prosseguindo: “a estrutura tremeu e a estrutura começa precisamente pelos clubes, que são os seus alicerces. Daí termos de dar alguns apoio, juntamente com as Câmaras Municipais, que também foram muito importantes. Algumas, por exemplo, arcaram com os custos das arbitragens. Mais importante do que isso até foi a resiliência dos técnicos, dos dirigentes e dos próprios jogadores, porque o apoio financeiro só por si não chegava”, elogiou. Nesse sentido, garante o presidente, a AF Braga tem trabalhado muito para que na Gala de hoje sejam premiados todos aqueles que assim o merecem, pela resiliência evidenciada e, naturalmente, pelo mérito alcançado. De resto, o evento desta noite, que terá lugar no Altice Forum, é um dos momentos mais importantes nas celebrações do centenário da instituição, uma vez que se pretende igualmente “relembrar a história, homenageando os seus fundadores e todos aqueles que trabalharam em prol da Associação ao longo destes 100 anos”.

Satisfeito pelo trajecto que tem sido feito e pelas boas obras alcançadas, Manuel Machado dá conta de uma liderança de acordo com os princípios que sempre estiveram associados à AF Braga ao longos destes cem anos.
“O meu trajecto como presidente tem sido um trabalho de continuidade, acrescentando algumas ideias, pegando no passado e adicionando-lhe algumas coisas no presente para termos sucesso no futuro”, assinalou o dirigente.

Apostas no futebol feminino e no futsal

“A dinâmica e inovação na vertente desportiva é uma das características peculiares da Associação de Futebol de Braga” pode ler-se no livro dos 90 anos da instituição, que se rege por essa linha de pensamento, assistindo-se ao “crescimento de clubes, e atletas, na vertente do futsal e também preocupação reinante nos seus dirigentes em vingar o futebol feminino”.
“No futsal temos tido alguns problemas e isto tem a ver com a falta de pavilhões para treinar. Perdemos quatro equipas da zona de Barcelos que eram muito fortes, justamente pelos horários tardios de disponibilidade para treinar nos pavilhões. Chegámos a ter uma reunião com o antigo presidente da Câmara e com os vereadores, que até se disponibilizaram para dispensar um subsídio aos clubes para irem treinar em outros pontos, mas era muito complicado. Um distância de cerca de 30 quilómetros, implicaria uma logística muito grande e inconcebível para esses clubes. O futsal é uma modalidade cujas receitas são muito relativas. É complicado para os dirigentes aguentarem tudo isto, pese embora algum apoio que possam ter”, lamentou Manuel Machado, que olhou também para o futebol feminino.

“Temos tido um crescimento de acordo com o plano estratégico 2020-24 e 2020-30 da Federação Portuguesa de Futebol, que se foca no crescimento do número de atletas em todas as variantes mas, fundamentalmente, no futebol feminino. A AF Braga foi a que mais cresceu neste ponto e vai crescer ainda mais esta época. Apareceram mais sete ou oito equipas, que até estão na III Divisão”, enquadra o dirigente, que sublinha a importância dos clubes de referência ajudarem a este crescimento. “O Vilaverdense é um clube histórico no futebol feminino e no futsal temos o Vermoim, que conseguiu alguns feitos mas que, com pena nossa, desapareceu. Depois aparece um clube como o Braga a apostar nestas vertentes e desenvolve toda uma região, ganhando títulos e com prestações de grande prestígio. Agora temos o Vitória SC, o Moreirense, o Famalicão, o Gil Vicente… o próprio Vizela está a pensar nisso”, enalteceu, abordando uma questão que merece uma... reflexão.

“Nós vamos ter o torneio Copa Gallaecia, em Dezembro, que é de futebol feminino, sub-14 (futebol de 7), justamente para motivar e dar ainda mais visibilidade. Temos aqui um problema. A nível nacional temos cerca de 12 mil atletas inscritas, mas só a Galiza tem 10 mil. Estamos a falar de países e regiões diferentes mas devemo-nos questionar sobre o porquê desta diferença de números”, sublinhou, prosseguindo.
“Portugal viveu 50 anos no obscurantismo e o papel da mulher na sociedade era o que todos sabemos. Temos vindo a assistir, felizmente, a uma mudança de mentalidades. É um processo muito longo, com a própria FPF a pretender chegar às 70 mil atletas em 2030. Há apoios e é com o trabalho articulado entre clubes e associações que a Federação vai conseguir este objectivo”, disse Manuel Machado, crente de que esses números serão alcançados.

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