Composto por um valioso espólio ligado ao linho desde a sementeira até ao tear, o Museu do Linho e do Mundo Rural, em Marrancos, Vila Verde, celebrou ontem o seu 11.º aniversário. Todo o espólio resultou de uma doação de Abílio Soares Ferreira, um especialista na matéria que hoje partilha com os demais o saber adquirido durante anos.
No Museu do Linho e do Mundo Rural encontra-se retratado o ciclo completo do linho, assim como aspectos tradicionais da vida do mundo rural. Todo o material exposto foi doado por Abílio Ferreira, o qual ainda hoje com 87 anos continua a orientar as visitas guiadas pelo Museu.
“Doei todo este material, que arrecadei durante a minha vida. Tenho cinco filhos, mas não se interessam por isto e sei que iam acabar por deitar tudo fora. Além deste material que já doei, tenho ainda mais guardado, daria para montar outro museu igual e ainda sobrava”, revelou Abílio Ferreira ao Correio do Minho. “Tenho também um neto com 20 anos, ele gosta disto, mostra interesse e é a ele que vou entregar tudo”, disse, manifestando assim a esperança de que a tradição seja assegurada pelo neto.
Abílio Ferreira é o presidente e fundador da Associação Recreativa e Cultural de Marrancos. É um homem de tradições e foi com a sua mãe que aprendeu a trabalhar o linho. “A minha mãe era tecedeira. Antigamente só havia linho e lã. Quando ela tinha 81 anos chamou-me e disse-me que a partir desse dia era eu que ia começar a semear o linho e assim foi”.
Abílio Ferreira dedicou-se e apaixonou-se pelo linho. “Ainda hoje vendo linho na Festa das Colheitas, mas não dá lucro, só dá prejuízo. Vai-se fazendo, mas só para não deixar morrer a tradição”, afirma.
Um verdadeiro especialista, Abílio explica a todos os visitantes do Museu as diferentes etapas do ciclo do linho, dando a conhecer ao vivo os muitos utensílios utilizados nesta arte ancestral.